Prisão de ex-ministro ameaça colocar governo Zeca na mira da Lava Jato
Pela segunda vez, as investigações da Operação Lava Jato respingam na administração do deputado federal e ex-governador por Mato Grosso do Sul, Zeca do PT. Depois de ser citado como o responsável por indicar o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, o petista volta aos holofotes com a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações).
Ocupando posições de destaque nas gestões de Lula e Dilma Rousseff, Bernardo é casado com a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ambos com passagens por Mato Grosso do Sul quando Zeca era governador, entre janeiro de 1999 e dezembro de 2000. Enquanto Bernardo ocupou a Secretaria de Fazenda, Gleisi foi secretária de Reestruturação Administrativa.
Segundo denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), os dois receberam R$ 1 milhão de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobras. O valor foi utilizado para custear as despesas da eleição dela ao Senado, em 2010, adquirido com a influência de Bernardo no Ministério do Planejamento.
A Polícia Federal afirma que o réu teria solicitado a quantia ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A operação foi feita pelo doleiro Alberto Youssef, sendo que o casal tinha conhecimento de que os valores eram ilícitos, caso contrário não os teria solicitado ao ex-diretor.
Eles ainda são citados em depoimento do ex-senador Delcídio do Amaral, responsável por implodir o governo da presidente Dilma Rousseff, quando era o representante do Palácio do Planalto no Congresso Nacional. Segundo o petista, Bernardo era o “operador” de Gleisi desde a passagem de ambos por Mato Grosso do Sul. “Um operador de muita competência”, apontou.
As declarações foram prestadas em 11 de abril no âmbito da delação premiada. Segundo o blog de Fausto Macedo, do Jornal O Estadão, o depoimento é corroborado pelo empreiteiro da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, outro delator nas investigações da Operação Lava Jato.
Mais que isso, Paulo Bernardo teria privilegiado a empresa Consist Software Limitada desde que estava na Secretaria de Fazenda, no governo Zeca. Quando foi ministro, ele assinou acordo com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que contrataram a companhia para criar um sistema para gerir margens consignáveis.
Em troca, a empresa receberia uma margem sobre os empréstimos consignados realizados pelos servidores. Fazendo a triangulação, a Consist repassou R$ 5 milhões para o escritório de advocacia Guilherme Gonçalves & Sacha Reck, entre 2010 e 2013, que trabalhou na coordenação jurídica das últimas três campanhas de Gleisi e defendeu Bernardo em outras ações. Além disso, o escritório recebeu R$ 1,2 milhão da SWR Informática, subsidiária da Consist.
Na ocasião da denúncia da PGR, no entanto, a defesa do casal relatou "inconformismo" com as acusações, reclamando de "declarações contraditórias e inverossímeis". "A denúncia sequer aponta qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal", diz a nota.
Procurado pela reportagem, o deputado federal Zeca do PT não foi localizado.
Fonte: Diana Christie, do Top Mídia News
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