Chuva causa perda na soja e preocupa escoamento e plantio de milho safrinha

13/01/2016 14:34 Rural
Soja já começa a apresentar perdas em Mato Grosso do Sul - Foto: DouradosNews/Joandra Alves.
Soja já começa a apresentar perdas em Mato Grosso do Sul - Foto: DouradosNews/Joandra Alves.

O excesso de chuvas já preocupa os produtores de soja da região da Grande Dourados, principalmente em relação a colheita, com previsão de se iniciar nas próximas semanas. O escoamento por conta de estradas que foram danificadas ou até mesmo destruídas e ainda o atraso no plantio do milho safrinha, após o fim do cilo da soja são outras dificuldades que começam a se apresentar para ao agricultor.

De acordo com o engenheiro agrônomo, Fernando Mignoso, há produtores que contabilizam perdas, mas não é possível dizer ao certo de quanto seria, porém, os que plantaram em áreas consideradas secas foram beneficiados com as chuvas. Mas todos estão apreensivos com o clima.

“Os produtores que tem áreas chamadas de ‘varjão’, já contabilizam perdas, mas é cedo para falar nelas, pois para alguns produtores a chuva dos últimos dias foi significativa, como os que plantam em áreas consideradas secas. Mas no geral eles estão preocupados mais é com o escoamento por conta das estradas e se atrasar a colheita da soja, compromete também o plantio do milho safrinha”, explicou o agrônomo.

Ele disse ainda que não há o que fazer, o jeito é aguardar dias de sol, para que as áreas com o solo encharcado sequem e assim os produtores consigam finalizar a colheita.

Muitos produtores já estão com áreas quase prontas para colher, a previsão é que se inicie na segunda quinzena de janeiro, mas o forte mesmo será no próximo mês. Em Dourados, aproximadamente 163 mil hectares foram utilizados para o plantio de soja, segundo a agrônomo.

“É preciso no mínimo 10 dias de sol, para que seque bem o solo e assim os produtores consigam entrar com as máquinas na lavoura. Os que conseguiram plantar antecipado, terá soja para colher já nas próximas semana, mas tudo vai depender do clima e de dias de sol”, comentou Mignoso.

Segundo o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodrigo Arroyo Garcia, apesar do clima ser de grande preocupação, a expectativa dos produtores é grande em relação a colheita, pois essa safra foi atípica e oposta da anterior que foi afetada pela seca.

“Mesmo com o excesso de chuvas que vem atrapalhando os produtores, a expectativa é boa em relação à safra, pois a anterior foi marcada pela seca. Muita chuva atrapalha o desenvolvimento da planta, como o grande volume registrado em novembro e dezembro, e alguns pontos foram afetados e resultou em perdas, com manchas. A grande quantidade de água no solo, atrapalha a respiração da planta e isso prejudica a sua produção e interfere na qualidade. Mas para outros foi importante o volume de água”, complementou.

Ele conta que em algumas plantações é possível ver o efeito do excesso de chuvas, e ‘talhões’ foram comprometidos devido o tipo de solo, mas a previsão é que Dourados produza dentro da média.

Para ele a preocupação dos produtores é sobre os efeitos na produção, pois nestes períodos muitos não estão conseguindo realizar o manejo, ou seja, entrar na área com pulverizadores para aplicar produtos para inibir o ataque de pragas ou doenças.

“Com a chuva não é possível entrar na plantação e fazer a aplicação de produtos contra a ferrugem e também o percevejo e isso pode ajudar a ter perdas também, então esse momento é bem complicado”, pontuou Arroyo.

Trabalhando há 20 anos na produção de grãos, Gerson Miazaki, conta que está bem preocupado, pois a soja está em um processo chamado de maturação, e com e se o clima continuar chuvoso pode afetar na qualidade do grão.

“As preocupações são muitas, é com a qualidade do grão, com as estradas para podermos escoar a colheita é em começar a plantar o milho. Eu planto em duas regiões, uma próxima a Dourados na região do ‘Guassu’ e outra em Laguna Carapã e a preocupação é a mesmo nas duas áreas. Com a colheita, que preciso de sol e ainda o escoamento que tem locais que as estradas foram destruídas com a chuva”, desabafou o produtor.

Motivos e causas
Para o pesquisador da Embrapa, o fenômeno El Ñino, pode ter relação com a quantidade de chuva dos últimos meses em Mato Grosso do Sul. O período foi bem atípico dos registrados nos últimos 32 anos, em Dourados assim como pode ser um dos motivos de mudanças climáticas em várias regiões do país.

O fenômeno climático, de caráter atmosférico-oceânico, consiste no aquecimento fora do normal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, porém as causas ainda não são bem conhecidas pelos especialistas em clima.

 

Fonte: Joandra Alves, do Dourados News

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