Enredo de escola de samba gera polêmica no meio rural
A letra do enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, para o Carnaval de 2017 no Rio de Janeiro, não agradou o setor do agronegócio do país. Tudo porque a música que será tema do desfile da escola neste ano, classifica os produtores rurais como ‘invasores e monstros’, que desmatam as belezas naturais do país para plantar e ainda invadiram a terra que antes era habitada apenas por indígenas.
Diante da versão, representantes do meio rural se manifestaram com nota de repúdio a letra.
É o caso da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), que divulgou na manhã desta terça-feira (10), uma nota descrevendo o fato e a indignação.
Segundo o material divulgado pela associação, o samba enredo vem com extremo desconhecimento da causa e da história, ‘manifesta em sua composição uma versão odiosa, repugnante e preconceituosa, totalmente distorcida do setor agropecuário brasileiro’.
Ainda de acordo com a nota de repudio a letra da música, Acrissul, fala que a liberdade de expressão não pode servir de instrumento de disseminação da ignorância ou para disseminar o ódio entre as camadas sociais. A melodia para eles é vista como uma ‘critica’ ao setor, que produz o alimento para o país e o mundo.
No material fala ainda, que a ao realizar a ‘critica’ a escola deve desconhecer o setor com realidade social, econômica e estatística brasileira, que graças a ele, o agropecuário, o País vem desde 1994, servindo de âncora verde para a economia nacional, sustentando a balança comercial e o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), com significativa representatividade na criação e manutenção de empregos.
Por fim, a publicação fala que ‘a manifestação de tais preconceitos só corrobora para a imagem lá fora de um escrachado Brasil sem memória’.
A melodia da escola de samba carioca foi composta por Moisés Santiago, Adriano Ganso, Jorge do Finge e Aldir Senna conta ainda com a participação especial David Assayag e será interpretada por Tinga, Celino Dias, Tuninho Júnior e Tinguinha. Nela consta ainda a história da comunidade indígena do Xingu, e que o país foi invadido por portugueses e não descoberto.
O enredo foi para votação com outras melodias, em 2016, quando saiu vitorioso.
Confira a letra da música
Compositores: Moisés Santiago, Adriano Ganso, Jorge do Finge e Aldir Senna
Participação especial: David Assayag
Intérpretes: Tinga, Celino Dias, Tuninho Júnior e Tinguinha
Brilhou… a coroa na luz do luar!
Nos troncos a eternidade… a reza e a magia do pajé!
Na aldeia com flautas e maracás
Kuarup é festa, louvor em rituais, na floresta… harmonia, a vida a brotar
Sinfonia de cores e cantos no ar
O paraíso fez aqui o seu lugar, jardim sagrado o caraíba descobriu, sangra o coração do meu Brasil
O belo monstro rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios, tanta riqueza que a cobiça destruiu
Sou o filho esquecido do mundo, minha cor é vermelha de dor
O meu canto é bravo e forte, mas é hino de paz e amor
Sou guerreiro imortal derradeiro, deste chão o senhor verdadeiro
Semente eu sou a primeira, da pura alma brasileira
Jamais se curvar, lutar e aprender, escuta menino, Raoni ensinou liberdade é o nosso destino, memória sagrada, razão de viver
Andar onde ninguém andou, chegar aonde ninguém chegou
Lembrar a coragem e o amor dos irmãos e outros heróis guardiões, aventuras de fé e paixão
O sonho de integrar uma nação, kararaô… kararaô… o índio luta pela sua terra, da imperatriz vem o seu grito de guerra!
Salve o verde do Xingu… a esperança, a semente do amanhã… herança, o clamor da natureza
A nossa voz vai ecoar… preservar!
Fonte: Por Joandra Alves, do Dourados News
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