Manejo integrado é aliado do produtor no combate às pragas em pastagens

23/02/2018 03:45 Rural
Cigarrinha em pastagem no Sul do Pará
Cigarrinha em pastagem no Sul do Pará

O início do período chuvoso deste ano, na Amazônia, trouxe a proliferação e infestação de insetos-praga em pastagens do Sul do Pará e na região da Transamazônica. Cigarrinhas e lagartas destroem o pasto, comprometem a oferta de alimento para o animal e geram grande prejuízos aos produtores. Para controlar o problema e minimizar os prejuízos, a Embrapa foi a campo e orientou produtores sobre o Manejo Integrado de Pragas em Pastagens.

O diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Altamira, Jorge Gonçalves, conta que pelo menos 70% das propriedades localizadas entre os municípios de Novo Repartimento e Uruará (uma extensão de cerca de 500 km), na Transamazônica, tiveram ocorrência de lagartas. “É uma região grande com infestação dessa praga, que esse ano foi maior que o anterior. Tem produtor que chegou a perder 50 animais por falta de alimento no pasto em virtude da lagarta”, alerta o sindicalista.

Em visita a campo na região da Transamazônica, o agrônomo Roni de Azevedo, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, identificou a incidência da lagarta dos capinzais, ou curuquerê dos capinzais (Mocis latipes - Lepidoptera: Noctuidae), nas pastagens locais. Além dessa espécie, em anos anteriores, a região também teve ocorrência da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda - Lepidoptera: Noctuidae). Já no Sul do Pará, o agrônomo identificou a ocorrência da cigarrinha Mahanarva sp (Homoptera: Cercopidae), entre as diversas espécies de cigarrinha que podem ocorrer em pastagens.

A ocorrência dessas pragas é mais comum no início do período chuvoso quando aumenta a umidade do ar, e o pasto começa a rebrotar e se desenvolver. O pesquisador alerta que a melhor forma de controlar a proliferação delas é com o Manejo Integrado de Pragas. São medidas simples que podem diminuir os riscos de uma infestação geral e o custo do produtor.  

Todo manejo integrado inicia com o monitoramento das áreas, ou seja, a vistoria nas pastagens. O produtor, segundo o pesquisador, deve estar sempre atento à presença de insetos no pasto e fazer esse controle periodicamente. A ação da lagarta é comer o capim, suprimindo totalmente a oferta de alimento para o gado. Já a cigarrinha suga a seiva das plantas e injeta uma toxina que enfraquece a pastagem e causa, como principal sintoma, a queima do capim.

O primeiro passo, e um dos mais importantes, é diversificar os tipos de capim na propriedade. “O produtor nunca deve plantar o mesmo capim em todas as áreas, ele precisa ter diferentes capins na propriedade”, alerta o especialista. Ele destaca ainda que é importante utilizar cultivares de capim recomendadas pela Embrapa ou pelo órgão de assistência técnica que atua na região, “pois muitas cultivares lançadas pela Embrapa são resistentes principalmente para algumas espécies de cigarrinhas das pastagens”, complementa.

O segundo passo é fazer o controle cultural, ou seja, manejar o gado de forma que equilibre a disponibilidade de alimento e a cobertura do solo na área do pasto. Isso significa que não deve ter excesso de capim sobre o solo e nem a sua retirada total pelo animal.

O controle biológico se apresenta com o terceiro passo. No caso da cigarrinha, utiliza-se o fungo Metarhizium anisopliae, que ao ser aplicado na pastagem coloniza principalmente a ninfa – que é a forma jovem da cigarrinha. As ninfas possuem pouca mobilidade e ficam na base da planta, onde há condições de umidade e temperatura favoráveis à colonização e crescimento do fungo metarhizium, que mata essa praga na sua fase inicial.

No caso da lagarta, o controle biológico é feito com o uso de produtos à base da bactéria Bacillus thuringienses (BT), que atua no início da infestação, quando as lagartas ainda estão pequenas. Existem no mercado vários produtos comerciais à base do fungo e da bactéria, que podem ser encontrados em lojas agropecuárias em todo o país.

O quarto passo para esse controle é a utilização de produtos químicos, inseticidas devidamente registrados no sistema Agrofit, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.  O pesquisador ressalta que o produtor deve acessar os técnicos da extensão rural atuantes na região para obter orientações sobre quais produtos químicos são os mais adequados para cada propriedade rural e situação de infestação dos insetos-praga.

“É importante usar o químico com segurança, atentando para a escolha de inseticidas mais eficientes, mais seletivos aos inimigos naturais bem como de outros cuidados que o aplicador deve ter”, alerta Roni de Azevedo. Ele destaca ainda que a vistoria dos pastos e o controle deve ser geral, em toda a região afetada e não em áreas pontuais, pois a infestação passa de uma área para outra.

O surto de pragas nas pastagens do Sul do Pará e na região da Transamazônica, nos primeiros meses deste ano, mobilizaram especialistas de instituições de ensino, pesquisa e extensão, além de produtores e o poder público. Em Altamira, (Transamazônica), na primeira semana de fevereiro, um grupo de trabalho visitou áreas infestadas traçou estratégias de controle com base nas recomendações da Embrapa. Participaram do grupo representantes da Emater, Secretarias Municipais de Agricultura e de Meio Ambiente, Secretaria de Estadual de Desenvolvimento Agropecuário, Adepará, UFPA, Sindicato de Produtores, além de pecuaristas da região.

Em Cumaru do Norte e Redenção (Sul do Pará), na última semana de janeiro, houve a atuação de pesquisadores da Unidade e da Embrapa Gado de Corte, da Unipasto - Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Sementes Forrageiras – e de empresas do setor, com visitas a campo e orientação de produtores.

 

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)

Embrapa Amazônia Oriental
[email protected]
Telefone: (91) 3204-1200 / 99110-5115

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Fonte: Embrapa

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