Presidente da Acrissul sugere boicote a empresas envolvidas na Carne Fraca

Nova fase da operação recaiu sobre empresas do Grupo BRF Foods, que tem unidades no Estado.
05/03/2018 18:10 Rural
BRF Foods, que congrega marcas como Sadia e Perdigão, tornou-se alvo da nova fase da operação Carne Fraca. (Foto: Reprodução/Facebook)
BRF Foods, que congrega marcas como Sadia e Perdigão, tornou-se alvo da nova fase da operação Carne Fraca. (Foto: Reprodução/Facebook)

Deflagrada nesta segunda-feira (5) pela Polícia Federal, a segunda fase da Operação Carne Fraca, batizada de Trapaça, não teve, ao menos oficialmente, investigações apontando irregularidades em Mato Grosso do Sul. Contudo, efeitos das acusações que recaem sobre a BRF Foods –dona de marcas como Sadia e Perdigão– já se fazem sentir em Mato Grosso do Sul. Produtores rurais já procuram o governo do Estado a fim de pedir providências e admitem boicotar indústrias que venham a ser envolvidas nos fatos, como forma de se autoproteger de eventuais prejuízos.

A PF alega que setores de análise da BRF Foods, em conluio com laboratórios credenciados junto ao Ministério da Agricultura, fraudaram resultados de exames em lotes de produtos, de forma a passar informações inverídicas ao SIF (Serviço de Inspeção Federal) do Ministério da Agricultura. Com isso, a eficácia das fiscalizações ficaria comprometida, atingindo em cheio a produção das unidades frigoríficas –sobretudo do setor de aves.

Presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonathan Barbosa se mostrou incrédulo quanto às denúncias sobre a BRF. Para ele, trata-se “de mais uma manobra para não deixar crescer o preço da arroba para o produtor, que vende aos frigoríficos e vê o produto ser superfaturado ao consumidor”. “Não acredito em Carne Fraca, e sim na carne forte”, disparou Barbosa.

O dirigente ruralista argumenta que o surgimento de acusações atinge o mercado, reduzindo também o valor pago ao produtor. Por esse motivo, e como forma de também proteger sua categoria, ele propõe uma reação contra as empresas envolvidas. “Frigorífico que tiver envolvido sofrerá boicote. Nós não venderemos mais”.

“Faremos uma instrução normativa da Acrissul para todos os associados e pecuaristas, para que não façam vendas agora”, emendou Barbosa. Ele ainda lamentou o fato de a Trapaça ocorrer às vésperas da Expogrande, “quando a carne sobre de preço”.

O presidente da Acrissul disse que na primeira fase da Carne Fraca não houve prejuízos aparentes à agropecuária estadual, pois “imediatamente traçamos um plano b”. Sem detalhar tais medidas, ele anunciou que iniciará uma discussão com representantes do governo estadual e da classe produtora já nesta terça-feira (6).

Efeitos – Também prevendo efeitos para Mato Grosso do Sul, mas diretamente relacionados à industrialização de carnes nas unidades da BRF envolvidas na Carne Fraca, o superintendente federal de Agricultura, Celso Martins, lembra que as apurações da operação Trapaça estão mais concentradas na produção de frangos. Para ele, as investigações poderão resultar em mudanças no SIF, “como já aconteceu no passado” –na primeira fase da investigação.

Para Martins, o impacto no Estado envolverá a escala do que é industrializado em unidades da BRF, que não representaria necessariamente em queda na produção. “Pode até haver aumento, já que não há indústrias daqui envolvidas. Poderiam descarregar a produção no Estado para cumprirem contratos”, destacou.

Martins adverte que os efeitos da investigação passarão pelas impressões do mercado externo, principal destino da produção brasileira de frango. As unidades da BRF em Mato Grosso do Sul respondem hoje por cerca de 50% de todas as aves processadas no Estado.

O superintendente também aponta que outro efeito da operação Trapaça será sentido no SIF, uma vez que o apontamento de falhas em algum de seus setores resultará em medidas para solucionar os problemas.

“Sem dúvidas o Sistema de Inspeção Federal sai mais forte. Ele já o é em virtude do que ocorreu no ano passado [primeira fase da Carne Fraca], com mais segurança em normativas, na presença nas indústrias e nos recursos alocados. Mas temos mais a melhorar”, pontuou Celso Martins.

Fonte: Humberto Marques / Campo Grandes News

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