Campanha alerta mulheres sobre doença que afeta 7 milhões de brasileiras

Caminhada para conscientizar a população sobre a endometriose acontece neste sábado, dia 24 de março, em 14 cidades brasileiras
25/03/2018 10:43 Saúde
mulheres (Foto: Flickr/Kamila Gornia)
mulheres (Foto: Flickr/Kamila Gornia)

“A endometriose abala toda a vida da mulher, não só fisicamente como emocional e profissionalmente também,” resume Caroline Salazar, jornalista que sofreu com os sintomas da doença durante 18 anos. Após ser diagnosticada, começou a escrever o blog A Endometriose e Eu e se tornou a principal articuladora da Endomarcha, caminhada que ocorre neste sábado, 24 de março, em 14 cidades brasileiras, para conscientizar mulheres de todo o país sobre a doença.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 7 milhões de mullheres sofrem com a endometriose no Brasil. “É uma inflamação que atinge até 15% das mulheres em idade reprodutiva,” afirma Rosa Maria Neme, ginecologista especializada no assunto.

“A endometriose é uma doença provocada pela presença de células do endométrio — tecido que reveste o interior do útero — fora do órgão correto. Ela pode aparecer na parte de trás do útero, nos ovários, na bexiga ou até mesmo no intestino”, explica a doutora

Sentir-se mal não é normal
Por muito tempo, acreditava-se que a endometriose era causada pela retenção do sangramento menstrual dentro do útero. Mas, com o passar dos anos, mulheres que não tinham o órgão também começaram a ser diagnosticadas com a doença. Isso chamou a atenção dos médicos, que agora apontam causas genéticas e imunológicas para a endometriose.

Quem sofre com a doença, geralmente apresenta cólicas fortes e incapacitantes, infertilidade, dores durante a relação sexual (dispareunia), ao evacuar e ao urinar.

“Eu não conseguia sair com os meus amigos, eu não conseguia ter uma vida social ativa”, conta Caroline, que desenvolveu depressão alguns meses antes de passar por sua primeira cirurgia para retirar os focos de endometriose. “Infelizmente, as pessoas não entendem o que uma mulher com essa doença sente, porque a endometriose está rodeada de muitos tabus e não é uma doença que você consegue enxergar ao olhar para uma pessoa”.

Além disso, a jornalista também era desacreditada pelos médicos. “Todos achavam que a minha cólica era algo normal e demoraram muito tempo para diagnosticar corretamente o meu caso. Foram 18 anos sem saber o que eu tinha, sendo que a média para o diagnóstico é de sete anos,” conta Caroline. “Por isso, as mulheres precisam entender que o período menstrual não deve ser algo doloroso e cruel. E que é preciso formar especialistas que entendam isso também. A menstruação tem que ser um período normal como qualquer outro.”

Tratamento e informação
Desde 2014, Caroline organiza a Endomarcha, que faz parte de um movimento mundial em prol do acesso à informação, diagnóstico e tratamento da endometriose. Com o surgimento do movimento no Brasil, três leis que instituem uma Semana de Conscientização sobre a doença foram aprovadas: uma muninicipal, sancionada em 2014, em Campo Grande (MS); e outras duas estaduais, sancionadas em 2016, em Roraima, e em janeiro de 2018, em São Paulo.

Segundo Neme, há três principais formas de diagnosticar a endometriose: pelo toque vaginal, por ultrassom transvaginal e por ressonância magnética. Após o diagnóstico, o médico deve começar o tratamento da paciente de acordo com o local e o tamanho do foco de endometriose.

“Se estiver em um estágio leve, o tratamento pode ser medicamentoso ou com pílula anticoncepcional de uso contínuo, para que a mulher não menstrue, porque, se você não tira a menstruação, os sintomas de dor pioram e geram mais inflamação” explica a ginecologista. “Também pode ser tratado com DIU mirena ou implanon, que contém progesterona.”

Em casos mais graves, é feito o tratamento cirúrgico, por laparoscopia ou cirurgia robótica.

“Nós lutamos pelo diagnóstico precoce, para diminuir o sofrimento de milhões de mulheres, e por políticas públicas efetivas, humanizadas, dignas e corretas através do SUS,” afirma Caroline.

*Com supervisão de Thiago Tanji 

Fonte: por Larissa Lopes* / Galileu

COMENTÁRIOS

Usando sua conta do Facebook para comentar, você estará sujeito aos termos de uso e politicas de privacidade do Facebook. Seu nome no Facebook, Foto e outras informações pessoais que você deixou como públicas, irão aparecer no seu comentário e poderão ser usadas nas plataformas do iFato.