Casos de tuberculose aumentam e abandono de tratamento preocupa

A tuberculose é uma doença endêmica e transmissível que, sem tratamento, pode causar sequelas e a morte
24/03/2019 11:15 Saúde

Quando ouve-se falar em tuberculose tem-se a impressão que é algo do passado, mas os casos da doença vem crescendo nos últimos anos. Além de sua forma mais comum ser altamente transmissível, a enfermidade pode levar à morte. Profissionais da saúde alertam para o abandono de tratamento.

Neste domingo, 24 de março, é lembrado o Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, doença endêmica que “faz parte da sociedade há muito tempo e oscila em níveis de preocupação”, esclarece o pneumologista Henrique Brito, presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia de Mato Grosso do Sul.

A patologia é transmitida por um microorganismo que afeta o pulmão na maioria das vezes, mas pode se instalar em outros órgãos dando origens às formas ganglionar, pleural, ocular, neural, intestinal, entre outras. “Mas a forma mais comum é a pulmonar e também é a única transmissível”, explica o médico.

Informações da SES (Secretaria Estadual de Saúde) mostram que em 2017 foram registrados 934 casos de todas as formas de tuberculose, sendo 827 do tipo pulmonar. Já em 2018 houve 1053 infectados com o bacilo, sendo 1017 casos da forma pulmonar. Em relação a todas as formas, o aumento foi de 23,4% e da pulmonar, 23%.

Em Campo Grande os números são mais alarmantes. Dados da SVS (Superintendência de Vigilância em Saúde) da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), indicam que foram notificados 610 casos em 2018. Aumento expressivo de 105,4%, se comparado com ano de 2017, quando foram registrados 297 casos.

Abandono de tratamento - Um dos maiores problemas em relação à tuberculose é o abandono do tratamento pelos pacientes. “É um tratamento demorado, que leva 6 meses, mas a partir do segundo mês já há uma melhora do quadro e o paciente acha que já está curado”, alerta Brito. Entretanto o bacilo ainda está no organismo e, portanto, ainda passível de ser transmitido.

Conforme dados da SES, em 2017 houve abandono de tratamento por parte de 101 (10,8% do total) tuberculosos, sendo destes, 88 que contraíram a forma pulmonar. Em 2018 observou-se uma mudança de comportamento, apesar do aumento de doentes, a interrupção do tratamento diminuiu: 49 abandonaram o tratamento (representando 4,3% de entre os infectados), sendo 45 deles do tipo pulmonar.

“É uma doença difícil de tratar, tem um tratamento longo, de 6 meses. E há uma melhora significativa nos primeiros meses, quando o paciente acha que está curado e abandona tratamento”, detalha o especialista. São 4 medicamentos diferentes nos primeiros dois meses e outros 2 nos últimos 4 meses. “Quando a pessoa para o tratamento, o bacilo volta mais forte devido a resistência que ele cria e passa a transmitir esses bacilos mais resistentes”, alerta Brito.

A doença - Os sintomas da tuberculose incluem falta de apetite, emagrecimento e debilitação. Na forma pulmonar o paciente é acometido de tosse, com ou sem secreção e quadros progressivos de insuficiência respiratório. Em todas as formas há febre no final da tarde. A morbidade - sequelas - é alta entre os infectados e, sem tratamento, a mortalidade é alta.

Entre as sequelas, o paciente apresenta uma série de limitações como falta de ar e cansaço, deixando-os restritos a prática de esportes. “Alguns tuberculosos inclusive cansam-se facilmente em atividades rotineiras como amarrar o cadarço dos sapatos ou tomar banho”, detalha o médico.

Segundo a Sesau, toda a população é passível de contrair a tuberculose, porém alguns grupos são mais vulneráveis à doença, tais como: população em situação rua, pessoas usuárias de drogas, pessoas que vivem em grandes aglomerados, asilados e albergados, pessoas as quais vivem em situação de maior vulnerabilidade e exclusão social devido às condições desfavoráveis de moradia e alimentação e até mesmo os profissionais de saúde. Ainda, Brito afirma que os imunossuprimidos, como os portadores da Aids.

O pneumologista esclarece que cerca de um terço da população já teve contato com o bacilo causador da tuberculose. “Em 99% dos casos, o organismo já paralisa a infecção e o bacilo fica latente. Em algum momento que a imunidade cai, pode haver a reativação endógena e 1% não controla o bacilo e tem a tuberculose primária”.

Henrique reforça a importância da vacinação. “A BCG é obrigatória e reduz as chances de ter a doença, não é 100%, mas se a pessoa vacinada contrair a tuberculose vai ter uma forma mais branda”, finaliza.

Fonte: Tatiana Marin / Campo Grandes News

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