Comissão confirma dívida milionária e dá prazo para HE deixar de atender

30/07/2014 14:40 Saúde
Apenas uma comissão formada por funcionários do Hospital Evangélico atenderam a imprensa; diretores não apareceram - Foto: Rodrigo Bossolani.
Apenas uma comissão formada por funcionários do Hospital Evangélico atenderam a imprensa; diretores não apareceram - Foto: Rodrigo Bossolani.

Uma comissão formada por oito pessoas responsáveis por setores diferentes do Hospital Evangélico confirmaram no final da tarde desta terça-feira (29) o que o Dourados News já havia divulgado desde o início da manhã. A dívida acumulada pela unidade hospitalar e o Hospital da Vida, que fazem parte da mesma gestão, chega a R$ 40 milhões. Mais da metade do valor, R$ 25 milhões, contraídos nos últimos três anos.

De acordo com Demetrius Pareja, que há 25 anos trabalha no local, os repasses mensais feitos pelo poder público geram uma conta deficitária de aproximadamente R$ 1,2 milhão/mês e já avalia um prazo para que a unidade deixe de atender a população: 60 dias.

“Esse é o prazo caso nada seja feito. Hoje, recebemos pelos dois hospitais, R$ 5,5 milhões e nossas despesas são de R$ 6,7 milhões. O que chega do poder público gira em torno de R$ 4 milhões – governos estadual, federal e municipal – e o restante são de convênios e particulares. Então, se não houver uma melhoria nos repasses e na tabela SUS (Sistema Único de Saúde), esse é o prazo para paralisar as atividades”, disse Pareja, negando que o problema para o caos financeiro seja de gestão.

“A gestão é a mesma de anos atrás, então o problema não são eles [os gestores]. Se analisarmos bem, houve aumento do quadro de funcionários, aumentos no salário mínimo, inflação... e a tabela SUS, a qual estamos vinculados, não teve esse acréscimo linear. Ela apresenta aumento de valores, mas não acompanha a ‘inflação hospitalar’, que é mais ampla que a normal”, contou.

Em relação à solução, Demetrius disse que não a outra medida a ser tomada além da revisão do financiamento na saúde. Conforme dito por ele, há três anos a instituição tem tentado solucionar o problema através de contato com o poder público, mas sem sucesso.

“Dourados é a segunda cidade do Estado e cuida de mais de 752 mil vidas de diversos municípios, enquanto Campo Grande atende 1,2 milhão. Mas, o financiamento da Capital é algo em torno de R$ 40 milhões, só para os hospitais. Então, existe uma disparidade muito grande nos valores repassados. O Estado só destina R$ 1,5 milhão para o município”, comentou durante a entrevista na sede do Conselho Municipal de Saúde.

Dos R$ 40 milhões em dívidas, 1/4 deve ser quitado a curto prazo. Nesse total estão incluídos encargos trabalhistas, em torno de R$ 3 milhões, fornecedores e até cheques sem fundos. Porém, segundo a comissão, os salários dos funcionários do hospital estão em dia.


Demetrius Pareja explica a situação financeira do hospital - Foto: Rodrigo Bossolani

MOBILIZAÇÃO

Diante da sinalização de um possível fechamento, funcionários dos dois hospitais preparam uma mobilização na tarde de quinta-feira (31) em Dourados. A atividade está agendada para as 13h na frente do Evangélico com saída em passeata pelas ruas da região central da cidade.

Em seguida o grupo se concentrará no Hospital da Vida, que retornará à administração municipal ainda neste segundo semestre.

“Estamos tentando chamar a atenção para que não possamos fechar um hospital deste tamanho e que emprega mais de 1 mil famílias. Esse é um movimento por parte dos funcionários e que realmente serve para esse fim”, finalizou.

Na manhã desta terça-feira, o Dourados News divulgou que o mais antigo hospital de Dourados e referência para toda a região e parte do Paraguai, corria o sério risco de ter suas portas fechadas por conta da dívida milionária.

Durante reunião na noite de segunda-feira (28), diretores do Hospital Evangélico chegaram a afirmar que a situação financeira atual seria de ‘calamidade’ e a mais delicada das últimas décadas.

INDICATIVOS

Esta não é a primeira vez que o HE deixa transparecer a crise financeira este ano. Algumas manifestações envolvendo funcionários por conta de atrasos de salários já evidenciavam o caos financeiro do local.

No início de 2013, a direção da unidade também enfrentou problemas com a ala de oncologia do Hospital do Câncer, setor terceirizado que recebia os repasses via hospital.

Naquela ocasião, os financiamentos adquiridos pela unidade junto a bancos, impedia que os repasses feitos pela saúde, chegassem ao destino final, que era o pagamento dos serviços prestados.


Foto: Rodrigo Bossolani

Fonte: Dourados News

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