CPI constata problemas com hemodiálise em Nova Andradina

28/08/2013 10:06 Saúde

Os principais problemas constatados pelos deputados estaduais durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa, na terça-feira, em Nova Andradina, são a ausência de um setor especializado de hemodiálise e o alto custo gasto pelo município com viagens para levar pacientes para outras localidades. As dificuldades foram apontadas pelo Secretário Municipal de Saúde, Sílvio Carlos Sinhorini, durante seu depoimento à CPI da Saúde em MS.

Segundo ele, hoje o município tem em média seis pacientes de hemodiálise que precisam ser receber atendimento médico fora de Nova Andradina. “Essas pessoas são levadas toda a semana para fazer hemodiálise em Ponta Porã e Dourados e para isso temos que disponibilizar um carro exclusivo para esse serviço. Esses pacientes estão com a saúde fragilizada e precisam sempre de um acompanhante. Além disso, todo o domingo um ônibus sai de Nova Andradina com destino a Barretos levando pacientes para tratamento do câncer”, disse.

Ainda de acordo com Sílvio Carlos Sinhorini, a atual gestão sofre também com problemas relacionados aos médicos que não cumprem a carga horária. “Há uma falta de comprometimento de alguns profissionais. Toda a cidade sofre hoje com a escassez de médicos e a maior prejudicada é a população”, finalizou.

Em seguida os deputados ouviram o ex-secretário municipal de saúde, José Carlos Paiva Souza, o qual destacou que os investimentos no setor em Mato Grosso do Sul ficam concentrados apenas nos grandes centros. “A maior parte do dinheiro é destinada à Campo Grande, Dourados e Corumbá e os pequenos municípios acabam sendo prejudicados com essa distribuição. As cidades que arcam com a grande parte das despesas, que se concentram muitas das vezes em ações judiciais e com transporte de passageiros para outras localidades”, ressaltou.

Em seu depoimento José Carlos Paiva Souza disse aos parlamentares que quando foi secretário municipal tentou implantar um centro de oftalmologia no Hospital Regional de Nova Andradina, mas não teve apoio da Secretaria Estadual de Saúde. “Na época não houve interesse do Estado e tivemos que continuar encaminhando pacientes para o Hospital São Julião, em Campo Grande”, esclareceu.

Os parlamentares ouviram logo após o diretor-geral do Hospital Regional de Nova Andradina, Fábio José Judacewsk, que foi elogiado pelos deputados pela gestão que vem realizando à frente da unidade hospitalar. Ele esclareceu que está no cargo desde o início deste ano e que hoje o déficit do hospital é de R$ 400 mil.

“Quando assumi encontrei algumas dificuldades, entre elas a falta de diálogo com fornecedores. Conseguimos negociar as dívidas, manter e inclusive ampliar os serviços, além de garantir reajuste salarial para os médicos e o plano de cargos e carreiras para os funcionários do hospital”, falou.

Também foi ouvido pelos deputados estaduais o ex-gestor do Hospital Regional de Nova Andradina, Norberto Fabri Junior, que destacou quais seriam algumas saídas para melhorar a saúde de Mato Grosso do Sul. “A CPI precisa apresentar alguma alternativa para determinar que os médicos cumpram sua carga horária e outra para obrigar o Governo do Estado a melhorar a forma da distribuição do financiamento da saúde”, esclareceu.

Por fim, foi ouvido o Presidente do Conselho Municipal de Saúde, Clodoaldo Barthiman, o qual garantiu que praticamente todas das reivindicações feitas pela entidade são atendidas pela Prefeitura Municipal.

De acordo com o deputado estadual, Amarildo Cruz, presidente da CPI da Saúde em MS, em Nova Andradina foi possível constatar que o Hospital Regional é um exemplo de ótima estrutura física e de qualidade no atendimento médico. “Durante a diligência constatamos a ótima situação dessa unidade hospitalar, que inclusive serve de exemplo para outras localidades. O grande problema é a falta de aparelhos de hemodiálise, que obriga o transporte de moradores da cidade para buscar ajuda médica em outras localidades. As circunstâncias aqui encontradas farão parte de um capítulo do nosso relatório da CPI da Saúde em MS”, finalizou.

Segundo a deputada estadual Dione Hashioka, a reunião da CPI no município foi extremamente importante para expor o atendimento existente e as sugestões para melhoria na saúde daquela localidade. Já para o deputado estadual Lauro Davi, Nova Andradina é uma regional que se apresenta mais organizada em gestão e na aplicação dos recursos da saúde.

Visita

Na manhã de hoje os deputados Amarildo Cruz (PT) e Dione Hashioka (PSDB) estiveram no Hospital Regional de Nova Andradina. O local tem capacidade para 100 leitos, mas até o momento apenas 67 estão funcionando. Outros 12 devem ser inaugurados nos próximos dias.

Pelo menos 300 pessoas são atendidas por dia no Hospital Regional de Nova Andradina, que hoje conta com 196 profissionais, sendo 36 deles médicos das áreas de ortopedia, clínico-geral, pediatria e cirurgião-geral, entre outras. A unidade hospitalar recebe pacientes de Nova Andradina e mais seis cidades do Vale do Ivinhema.

CPI da Saúde em MS

A CPI da Saúde em MS foi criada no dia 23 de maio deste ano. Os parlamentares querem saber como estão sendo feitos os repasses dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para unidades hospitalares de Campo Grande, Corumbá, Paranaíba, Dourados, Três Lagoas, Jardim, Coxim, Aquidauana, Nova Andradina, Ponta Porã e Naviraí. A investigação apura os repasses e convênios feitos nesses municípios nos últimos cinco anos.

A Comissão Parlamentar de Inquérito tem 120 dias para apurar as possíveis irregularidades, podendo ser prorrogada por mais dois meses. Já foram ouvidos a ex-secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, o secretário municipal de Saúde de Campo Grande, Ivandro Fonseca, o presidente da Santa Casa da Capital, Wilson Teslenco, os ex-diretores do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa, o do Hospital Regional de Campo Grande, Ronaldo Perches Queiroz,o ex-secretário municipal de saúde da capital, Leandro Mazina e o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso do Sul, Luís Henrique Mascarenhas Moreira.

Também foram ouvidos pelos parlamentares os ex-integrantes da Junta Interventora da Santa Casa de Campo Grande, Antonio Lastória, Nilo Sérgio Laureano Leme e Issan Moussa, o diretor-presidente do Hospital do Câncer, Carlos Alberto Moraes Coimbra, e o ex-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Florêncio Garcia, além de gestores e conselheiros municipais de saúde nas cidades de Dourados, Coxim, Aquidauana, Jardim Paranaíba, Três Lagoas e Naviraí.

Para ajudar no trabalho de investigação, os deputados decidiram criar o e-mail [email protected] para que as pessoas possam denunciar irregularidades nas unidades hospitalares. Também foi criada a fan pag CPI da Saúde em MS (https://www.facebook.com/cpidasaudeemms). As pessoas podem assistir as oitivas de Campo Grande ao vivo no link (http://www.al.ms.gov.br/Default.aspx?alias=www.al.ms.gov.br/tvassembleia).

Além disso, no canal de comunicação os internautas podem conferir matérias sobre os trabalhos da Comissão e reprises das oitivas da CPI da Saúde em MS realizadas em todo o Estado. Denúncias podem ser feitas também pelo 0800-647-2013. As reuniões ordinárias acontecem todas as segundas-feiras, sempre às 14 horas, e as extraordinárias às quintas, no mesmo horário.

Elas também podem ser assistidas ao vivo pela Tv Assembleia, em Campo Grande pelo Canal 9, em Dourados pelo Canal 9, e em Naviraí pelo Canal 44. Todas as oitivas realizadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito podem ser assistidas, ainda, no Youtube, no canal cpidasaudeemms.

A CPI é composta pelos deputados Amarildo Cruz - presidente, Lauro Davi (PSB) - vice-presidente, Junior Mochi (PMDB) - relator, Eduardo Rocha (PMDB) - vice-relator e Onevan de Matos (PSDB), membro.

Fonte: dourados agora

COMENTÁRIOS

Usando sua conta do Facebook para comentar, você estará sujeito aos termos de uso e politicas de privacidade do Facebook. Seu nome no Facebook, Foto e outras informações pessoais que você deixou como públicas, irão aparecer no seu comentário e poderão ser usadas nas plataformas do iFato.