Dormir mal pode ser doença e altera todo o metabolismo causando outras complicações

22/09/2013 18:44 Saúde

De tanto Antônio João Ferreira, funcionário público aposentado, 61 anos, dormir sentado e acordar à noite “se afogando” a mulher e a filha dele ficavam assustadas e pegavam no pé para ele ver o que acontecia. As duas não achavam o comportamento normal e cobravam que procurasse um médico. “Minha filha ficava me chamando a atenção que eu encostava e dormia sentado. E minha mulher reclamava do ronco e do susto que levava quando eu acordava a noite sem ar”, diz.

Depois de muita reclamação e pegação no pé, ele se rendeu e foi ver o que era. Confessa que além da preocupação das duas, o cansaço freqüente o fez procurar ajuda. “Tudo era difícil, porque eu ficava cansado por não dormir bem. Aí fui ao médico e fiz um exame que analisou a qualidade do meu sono. E apareceu que eu fiquei quase um minuto sem respirar”, diz.

Foi quando o médico descobriu que se tratava de apneia. De lá para cá já se passaram dez anos e a qualidade de vida de Antônio João é outra. Doenças que estavam surgindo por causa da apneia como pressão alta, início de diabetes, ele já nem se lembra mais. “A pressão normalizou, não ronco mais, e outras doenças nunca mais surgiram”, revela.

A sorte de Antônio foi que a mulher e a filha ficaram no pé dele, porque senão, provavelmente, não teria procurado ajuda e até hoje estaria sofrendo. O tratamento recomendado foi o uso de um aparelho para regular a respiração. Apesar de o equipamento ter uma aparência estranha, parece vindo de filme de ficção, Antônio João diz que é tranqüilo usá-lo. “Já me acostumei, a máscara é feita em silicone em gel e não incomoda nada”, conta.

Mas, nem sempre as pessoas entendem o que acontece e procuram ajuda. Conforme o médico neurologista Marcílio Delmondes Gomes, em torno de 10% a15% da população sofre de insônia crônica (que exige tratamento), outras 40 a 50% sofre de insônia transitória, isto é, em um período do ano a pessoa tem insônia. Outra boa parte da população sofre de outras doenças do sono e tem dificuldade para dormir. As doenças mais comuns são a insônia e a apneia, mas ao todo são mais de 80.

Marcílio explica que quem tem alguma doença do sono não tem qualidade na hora de dormir. A dificuldade pode estar para iniciar o sono ou para manter ou terminar.
A apneia, que tanto fazia Antônio sofrer, é muito comum e acontece, principalmente, devido aos problemas de sobrepeso e obesidade. E como a população está cada vez mais pesada, a doença tem aparecido cada vez mais.

Dr. Marcílio explica que a apneia é uma parada respiratória. É quando a pessoa faz o fechamento da faringe durante o sono. “A pessoa dorme ai ocorre uma flacidez dessa musculatura e a pessoa para de respirar. Fica asfixiada até que o cérebro dá o estimulo e ela desperta. Ai acorda e volta a respirar. Isso acontece varias vezes à noite de maneira sucessiva”, explica.

Com isso, a pessoa não tem qualidade no sono já que não atinge todos os estágios do sono que são: N1, N2, N3 e REM (fase de sonhos). O especialista explica que nas duas primeiras fases que dura cerca de 30 minutos é o sono superficial não dão qualidade ao sono. A partir do N3 é quando se recupera as funções mentais. “No N3 vai recuperar e armazenar energia para gastar no dia seguinte. No REM, que é a fase dos sonhos, no adulto, é a consolidação da memória. Então se dorme pouco, ou dorme superficialmente, a pessoa altera a cognição. Porque não consegue mais armazenar o que aprende quando acordado”, explica.

Por isso, diz o médico, a importância de se completar todos os estágios do sono. Ele explica ainda que a partir do instante que a pessoa acorda pela manhã e passa o dia cansada, com sono, é sinal que tem algo errado, mesmo se a pessoa continua dormindo a mesma quantidade que sempre dormiu.

“Não é necessariamente o tempo de sono. Às vezes, acontece uma redução no tempo do sono e a pessoa diz, mas eu sempre dormi 8 horas por noite, continuo dormindo a mesma quantidade de horas e acordo cansado. Então, alguma coisa na qualidade está alterada”, explica.

Ele lembra que o normal, em termos de sono, é dormir de quatro a dez horas. Já a média da população varia de 7 a 8 horas. Então se a pessoa dorme menos que isso ou mais tem algo errado. “Se dormir quatro horas, mas acordar descansado é considerado normal. É o bom dormidor, o dormidor curto. Se dorme dez horas e acorda satisfeito também é normal. É o mal dormidor, o dormidor longo”, explica.

Mas, se está dormindo menos que 4 horas por dia e mesmo assim acorda bem, tem que ficar de olho, pode haver alguma alteração patológica. O inverso, também é verdadeiro. Se a pessoa está precisando mais de dez horas por dia para estar bem, também é anormal. Enquanto o primeiro caso pode estar associado a doenças como esquizofrenia e bipolaridade o segundo a depressão.

Por isso, a regra é observar e cuidar do sono para se ter uma vida saudável. O processo é simples, explica: tudo aquilo que possa perpetuar um quadro de noites mal dormidas, induzir ou agravar a gente tem que tirar. A gente orienta primeiro a usar o quarto para dormir. Quarto sem televisão, sem livro, sem revista, sem jornal, sem comida. Quarto escuro, temperatura agradável, roupa leve. Nunca tomar banho, jantar e deitar. Quem já tem problema de insônia ou apneia evitar fazer atividade física pela tarde e pela noite, para não ficar acelerado. Não usar cafeinados depois das 14h em diante. Evitar dormir de barriga para cima, para baixo. O ideal é de lado. Evitar bebida alcoólica à tarde e à noite. Isso vai relaxar a musculatura de faringe e propiciar o ronco e a apneia.
Minamar Junior

Seguindo essas orientações básicas, o neurologista garante que o sono melhora em muito, mas, lembra que cada doença tem um tratamento específico, por isso, se apesar de fazer tudo certinho continuar dormindo mal procure ajuda.

midiamax

 

 

Fonte: Itaporã news

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