Estudo com gêmeos mostra três genes relacionados a efeitos da zika em bebês

02/02/2018 10:12 Saúde
Foram coletadas amostras de sangue e saliva das crianças. Imagens: Divulgação
Foram coletadas amostras de sangue e saliva das crianças. Imagens: Divulgação

Estudando pares de gêmeos, cientistas conseguiram encontrar três genes que podem indicar uma maior suscetibilidade aos efeitos do vírus da zika nos bebês em gestação, causando malformações como a microcefalia. Os resultados da pesquisa, liderada por Mayana Zatz e Maria Rita Passos-Bueno, da Universidade de São Paulo (USP) , foram publicados na revista "Nature Communications", nesta sexta-feira (2).

Para detectar a propensão genética à síndrome congênita de zika, nome dado às malformações causadas pelo vírus aos bebês em gestação, inclundo a microcefalia, as pesquisadoras compararam nove pares de gêmeos.

Dois eram gêmeos idênticos, ambos com sequelas do vírus; um par não idêntico, também tinha sido afetado; e seis pares eram não idênticos em que uma criança era afetada, e a outra não.

Elas coletaram amostras de sangue e saliva das crianças.

A pesquisadora explica que, como concluíram que não havia um gene principal, foram para uma segunda saída. "Estudamos o RNA, que é a expressão dos genes", disse. Ou seja, elas passaram a investigar quais são eram os genes cuja ação era silenciada ou ativada para agir em determinadas células.

O RNA de três pares de gêmeos bivitelinos (não idênticos) foi analisado, entre eles, os de Laura e Lucas. As pesquisadoras conseguiram encontrar uma característica genética em comum nos três bebês que apresentaram microcefalia. Diferentemente de seus irmãos, todos eles tiveram uma alteração no gene DDIT4L.

As pesquisadoras notaram que ele estava muito menos expresso nas células afetadas e isso causou uma mudança com relação à proteína mTor, envolvida no crescimento e na morte celular. Outros estudos já haviam relacionado a mTor à replicação do vírus da zika.

Alterações nos genes identificados como FOXG1 e LHX2 também foram encontradas. Eles atuam no processo de desenvolvimento de áreas cerebrais durante o crescimento. O primeiro deles também é associado a distúrbios cerebrais congênitos.

Os gêmeos bivitelinos (gerados a partir de dois óvulos e dois espermatozoides diferentes) foram fundamentais para os resultados do estudo, porque estiveram expostos às mesmas condições no ambiente: filhos da mesma mãe, entraram em contato com o zika na mesma época. Mesmo assim, o vírus afetou o cérebro de apenas um dos irmãos.

Fonte: Do Dourados News

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