Família acusa Hospital da Vida de negligência
“Meu filho esperou horas e horas, tive que brigar por um leito, ir no Ministério Público para ele ser atendido direito. É um absurdo! Quero Justiça”. O lamento é do pescador Gilmar Expedito da Silva, 41, que quer que a morte do filho, Cleber Rodrigues da Silva, 21, não se torne apenas mais uma estatística de trânsito, por acreditar que o atendimento a ele foi negligenciado.
Segundo a família do rapaz, o socorro no Hospital da Vida, para onde o jovem foi levado após sofrer um acidente de moto, foi inadequado. Cleber seguia de bicicleta pelo bairro Canaã I, onde morava, quando foi atingido por uma moto.
“Ele foi levado para o hospital, chegou lá era meio dia, e o médico só foi aparecer quando era umas 16h. Ele teve que fazer cirurgia, e não tinha leito depois para ele ficar, tivemos que ir no Ministério Público, e só assim arrumaram um leito rapidinho para ele. Quando cheguei no hospital, tinha umas oito pessoas esperando leito na UTI, tudo naquele corredor da morte”, acusou o pescador.
O pai do rapaz disse ainda ao Dourados News que enquanto esperava a disponibilização do leito, sentado em uma cadeira sozinho, o rapaz ainda teria batido a cabeça, o que foi relatado por uma acompanhante de outro paciente, com quem a reportagem conseguiu contato.
“Ele estava na cadeira, tremia muito, e estava com a cabeça bem inchada. Aí tombou para a frente e bateu com a cabeça no joelho, fez um barulho. Os enfermeiros vieram e tiraram ele de lá, acudiram”, contou a dona de casa Elisângela dos Santos, 34, que acompanhava o marido que foi buscar atendimento de urgência para um problema de pedra nos rins.
Após receber a notícia da morte do filho hoje pela manhã, Gilmar relacionou todos os episódios que envolveram o atendimento ao rapaz ao fato, e agora pretende buscar a Justiça para fazer uma representação contra o hospital.
“Teve demora no atendimento, e negligência, porque ele bateu a cabeça no meio de tudo enquanto ficava naquele corredor sentado esperando leito. Eu vou ao Ministério Público, quero que investiguem isso. Perdi meu filho, e muitas outras pessoas correm risco com um atendimento que a gente quase precisa implorar para que aconteça direito”, finalizou o pai do rapaz.
Direção do Hospital diz que o atendimento foi correto, mas admite deficiências de estrutura
Procurado pelo Dourados News o diretor do Hospital da Vida, Orlando Martelli, defendeu o atendimento prestado pelo corpo clínico, e disse que tudo que foi necessário para tentar salvar a vida de Cleber foi feito.
“Todos os cuidados que o hospital tinha que tomar foram feitos. Ele chegou com um quadro de traumatismo craniano grave, muito complicado. Estava em observação, teve um mal súbito, e foi operado. Como não tínhamos um leito disponível na UTI, improvisamos um na chamada 'área vermelha', que tem médico 24 horas”.
Sobre o ‘acidente’ em que Cleber teria batido a cabeça no joelho enquanto estava acomodado em uma cadeira, e a possível consequência disso no estado de saúde dele, Martelli disse não acreditar que possa ter sido algo agravante, e confirmou que não há macas suficientes. Apesar da falta das macas, ele afirmou que a acomodação é feita numa cadeira acolchoada.
Por fim, o diretor do Hospital da Vida admitiu que a estrutura de atendimento não é a suficiente para a demanda, e que o corpo clínico “trabalha como pode”.
“Essa é a realidade. Desde o ano passado, foram abertos mais 19 leitos e colocadas mais macas, mas a demanda também aumenta dia pós dia, então acaba não suprindo. O município atende mais do que suporta, e o Hospital da Vida é reflexo disso. No entanto, apesar da deficiência estrutural, tudo que é necessário fazer para um atendimento de qualidade a todas as pessoas que precisam de atendimento no hospital é feito. Tudo que é solicitado com relação a exames, e o que é preciso para o trabalho do corpo clínico acontece da forma como deve ser”, garantiu Martelli.
Fonte: Thalyta Andrade / Dourados News
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