Ministério da Saúde cria novo protocolo aos portadores de HIV
O Ministério da Saúde adotou um novo protocolo de tratamento aos portadores de HIV desde dezembro passado.
A partir de agora, todos os portadores do vírus serão medicados, independentemente da carga viral ou da imunidade. A medida é baseada em estudos internacionais.
Em 2010, um estudo financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates revelou que pacientes soropositivos, se forem medicados, têm reduzida em até 92% a chance de transmitir o vírus.
Apesar da mudança de perfil de portadores do vírus no Brasil, detectada pelas notificações de 2012, a situação das populações vulneráveis e dos jovens é considerada a mais difícil.
Segundo o infectologista Alexandre Naime Barbosa, entre os homens que fazem sexo com homens (HSH) um em cada 10 é portador do HIV. Usuários de crack também se tornam vulneráveis por fazer sexo em troca da droga.
Neste grupo, seis em cada 100 estão infectados. Entre homens e mulheres profissionais do sexo a taxa de incidência é de 4,9%. Ou seja, em cada 100, cinco são portadores do vírus.
O novo protocolo do Ministério da Saúde inclui ainda a oferta gratuita de medicamento a quem, eventualmente, fez sexo sem preservativo.
Neste caso, os remédios devem ser tomados por 28 dias seguidos, após o ato sexual.
Nas populações de alta exposição, como profissionais do sexo, é possível utilizar o medicamento como profilaxia - um comprimido por dia, com uso contínuo. Os programas pilotos devem ser iniciados no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
O uso profilático é uma das maiores descobertas desta década - afirma o infectologista.
Barbosa diz que atende quatro novos casos por semana de jovens homossexuais entre 16 e 25.
Meninas entre 13 e 19 anos, que não conseguem negociar o uso do preservativo com o parceiro, também estão chegando ao consultório, numa média de um a dois casos por semana.
Entre as mulheres adultas, segundo ele, a prática de sexo anal é atividade de alto risco:
Das nossas pacientes mulheres, 60% fazem sexo anal - explica.
Para o especialista, a educação sexual nas escolas é a principal medida a ser adotada pelo governo. Para ele, não adianta fazer campanha em época de carnaval.
Sexo é atividade que todo mundo faz: tem que aprender sobre sexo - diz.
Envelhecimento precoce
Com portadores de HIV sendo medicados há mais de 10 anos, o Brasil começa a entrar numa nova etapa de discussão: os efeitos dos medicamentos e da presença do vírus no organismo, ainda que a nível indetectável.
Segundo Barbosa, o vírus induz a uma inflamação permanente no organismo das pessoas soropositivas, o que faz com que sofram de envelhecimento precoce. Além de ter mais doenças associadas, muitas outras surgem antes.
Envelhecer é estar inflamado e só a ação dos remédios não bastam para conter o estresse inflamatório crônico causado pela presença do vírus. Começam a aparecer doenças cardiovasculares, insuficiência hepática e renal e osteopenia, por exemplo.
Costumo dizer aos meus pacientes: some 15 anos à sua idade. Se tem 40 anos, se cuide como se tivesse 55 - diz ele.
Barbosa diz que, atualmente, os portadores de HIV podem viver até mais do que os que são HIV negativos, pois se cuidam muito mais e têm acesso mais fácil à rede de saúde do que o restante da população.
Fonte: O Globo
COMENTÁRIOS
Usando sua conta do Facebook para comentar, você estará sujeito aos termos de uso e politicas de privacidade do Facebook. Seu nome no Facebook, Foto e outras informações pessoais que você deixou como públicas, irão aparecer no seu comentário e poderão ser usadas nas plataformas do iFato.