Pacientes com câncer de próstata relatam drama: ''temos que ser muito fortes''
Seu José Maria, 78, ao lado da esposa, Derci, 69, durante tratamento no Hospital do Câncer de Dourados (Foto Thalyta Andrade).
Na última reportagem especial que aborda a campanha ‘Novembro Azul’ e o cenário que envolve os diagnósticos de câncer de próstata em Mato Grosso do Sul, o Dourados News foi até o Hospital do Câncer de Dourados para ouvir de pacientes em tratamento um relato de dor, mas também de superação no combate a doença.
No município, foram diagnosticados somente neste ano 75 casos novos de câncer de próstata. Em tratamento contra a doença estão, atualmente, 199 pacientes. O número não é tão acima ou abaixo dos anos anteriores, mas a quantidade em tratamento aumentou. Em 2013 eram 152 e em 2012 eram 169 pacientes.
De acordo com a especialista em oncologia clínica e responsável pelo tratamento quimioterápico do hospital em Dourados, Sara Regina Scremin Wegner, o cenário tem uma explicação. “Temos hoje mais opções de tratamento, então as pessoas estão vivendo mais apesar do diagnóstico de câncer. Portanto, muitos desses pacientes em tratamento atualmente entram na conta de 2014, mas já tem o diagnóstico desde muito tempo atrás”, explicou a médica.
Este é o caso de José Maria Caimar, 78, morador de Antônio João, município da região de fronteira com o Paraguai. Há 15 anos ele recebeu o diagnóstico positivo de um câncer de próstata maligno e, desde então, tem feito tratamento para controlar a doença que já chegou a ser curada, mas anos depois reapareceu.
“É uma doença infeliz, que judia muito da pessoa. Temos que ser muito fortes para encarar o tratamento. A gente precisa muito dos outros para poder suportar e fazer tudo certinho. Não é nada fácil, mas tento me manter firme e forte”, disse ele ao Dourados News enquanto passava por uma sessão de quimioterapia.
Sempre junto de Caimar, que de 20 em 20 dias tem de vir a Dourados para o tratamento, está a esposa, Derci Fernandes Caimar, 69. Os dois são casados a nada menos que 50 anos e construíram uma família com seis filhos e oito netos.
“A gente se apega a Deus né? Quando falaram que ele tinha a doença e que era maligno ainda, deu um desespero grande em todos nós. É muito difícil. A gente nunca poderia imaginar, mas nunca prestamos atenção com essa coisa de prevenir. Hoje vendo a situação dele, sabemos o quanto é importante e tentamos passar isso para as pessoas. Estamos há 15 anos nessa, mas fortes. Porque se cair todo mundo, como ele fica né?”, disse ela, emocionada.
Conforme alertado por Sara na terceira reportagem desta série, quase 100% dos pacientes já chegam para o diagnóstico com sintomas. “São pacientes com sintomatologia exuberante. Isso significa que só foram atrás de um serviço de atendimento médico baseado no que estavam sentindo e não por um programa de prevenção e rastreamento precoce. Infelizmente, apesar do câncer de próstata ter no seu comportamento um perfil mais indolente e menos agressivo na maioria dos casos, o paciente já chega aqui com a doença bem avançada”, destacou a médica.
Morador de Fátima do Sul, Valter Vilela, 74, descobriu a doença ao sentir dificuldades para urinar. De acordo com ele, que está há quatro meses em tratamento, nunca houve na família nenhum caso da doença que ele “ouvira falar”.
“Nunca teve. Mas, eu fazia os exames e nunca deu nada. Fiz exame de toque, nunca tive problema nem preconceito com isso. Só que eu não fazia todo ano como tem que ser. Eu fiz algumas vezes”, revelou Vilela.
Viúvo, pai de quatro filhos e com seis netos, ele disse que a família vai ser fundamental no tratamento, que ainda tem muito ‘chão’ pela frente. “É uma doença difícil, fico muito mal. Debilitado. Mas, com a ajuda dos meus filhos e da minha família e, primeiramente, de Deus, eu confio que vou sair dessa”.
Por fim, os dois pacientes ouvidos pela reportagem concordaram em um ponto muito importante: a prevenção. “As pessoas tem que se cuidar, fazer de tudo para evitar ficar doente porque é uma doença que judia demais”, disse Caimar. “Não tem que ter preconceito, tem que se cuidar. Não dá para deixar ficar doente por bobagem. Tem tratamento, mas é uma situação muito difícil de qualquer forma”, completou Vilela.
Valter Vilela, 74, se mostrou confiante no tratamento iniciado há quatro meses (Foto: Thalyta Andrade)
Fonte: Thalyta Andrade/Dourados News
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