Parto induzido tem ligação com risco elevado de autismo, diz estudo

04/02/2014 17:21 Saúde
Divulgação.
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Os cientistas ainda não conseguiram descobrir com precisão quais são as causas do autismo, mas existem alguns hábitos que são conhecidos por aumentar seu risco, como fumar durante a gravidez.

Agora, um novo estudo da Universidade de Duke (EUA) descobriu que induzir o parto também está relacionado com o autismo, principalmente se a criança for um menino.

O trabalho, publicado online em 12 de agosto no JAMA Pediatrics, analisou os registros de nascimento de mais de 625 mil bebês nascidos na Carolina do Norte entre 1990 e 1998, que foram comparados com os registros de diagnóstico de autismo feitos posteriormente em escolas públicas. Segundo os autores, 1,3% dos rapazes e 0,4% das meninas foram diagnosticadas com autismo.

Especificamente, meninos nascidos de mães cujo trabalho foi induzido eram 35% mais propensos a desenvolver autismo, em comparação com aqueles que nasceram sem indução.

Entre as meninas, apenas o estímulo durante o trabalho de parto foi associado com um risco aumentado para o autismo. A relação foi encontrada mesmo depois de controlados outros fatores, como a idade da mãe.

Induzir o trabalho de parto envolve estimular as contrações antes do parto começar usando uma droga chamada ocitocina. Já o estímulo durante o parto é o uso da ocitocina em grávidas que entraram em trabalho de parto, mas estão com dificuldades para fazer a criança nascer.

Os especialistas afirmam que a indução ao parto com indicação médica não deve ser ignorada por conta dos resultados do estudo, e que as novas descobertas são um ponto de partida para uma maior investigação sobre o mecanismo específico que pode causar a relação entre autismo e indução ao parto.

Segundo os cientistas, ainda não é possível afirmar se é a droga usada para acelerar o parto a responsável pela relação, ou se são as eventuais condições físicas da grávida que precisa fazer a indução.

Estimule o desenvolvimento da criança com autismo

Diferente do que propõe o senso comum, o autismo não retira uma pessoa do convívio social.

Sem dúvida, as habilidades de comunicação são prejudicadas quando há esse tipo de disfunção, mas os estímulos cognitivos realizados na intensidade adequada e com profissionais especializados são capazes de reverter alguns padrões de comportamento.

"O autismo é uma síndrome comportamental de base neurobiológica, caracterizada por dificuldades de interação social e de comunicação e por padrões restritos de comportamento", afirma a psiquiatra Letícia Calmon Amorim, da AMA (Associação de Amigos dos Autistas) de São Paulo.

Mas o tratamento disponível hoje em dia pode estimular uma criança a se desenvolver e ganhar mais independência. Não se conhece a causa exata do autismo, tampouco existe cura.

Conheça as atividades que ajudam no desenvolvimento da criança que tem essa disfunção.

Escolarização

Letícia Calmon explica que a inclusão é importante, mas o ideal é, inicialmente, fazer o treinamento dos professores e consultar profissionais capacitados para colaborar neste processo, como o psicólogo, o fonoaudiólogo, o terapeuta ocupacional e, em alguns casos, buscar também um acompanhamento pedagógico.

"Cada criança deve ter um programa individualizado". A escolarização pode trazer benefícios, como a possibilidade de vivenciar situações sociais e ganhar independência.

Brinquedos e brincadeiras

Estimular a criança com autismo a compartilhar seus brinquedos e a brincar com outras crianças pode ajudar muito na interação social. "Os brinquedos para as crianças com autismo devem ser simples e estimular a criatividade", afirma o psicólogo Yuri Busin, mestrando em estudos do desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo.

O mais importante é que os pais e os profissionais observem o nível de desenvolvimento da criança e escolham o brinquedo mais adequado ao nível cognitivo dela. Um psicólogo pode ajudar nessa escolha, já que a indicação presente nas embalagens dos brinquedos não se aplica à crianças com autismo.

Convívio com a família

A psicanalista Sônia Pires, da clínica Bem-me-Care, de São Paulo, explica que o primeiro desafio dos pais é aceitar as limitações do filho. "A ideia de um filho sem autismo deve ser abandonada e dar lugar à compreensão das dificuldades da criança", afirma.

Estimular a convivência com outras crianças e adultos tanto no ambiente familiar quanto em outros lugares é uma maneira natural de treinar as habilidades sociais e integrar a criança: só não adianta deixá-la isolada, distante do movimento e das conversas.

Lidando com o comportamento característico

Mexer as mãos sem parar, rodar objetos ou balançar o tronco para frente e para trás são alguns movimentos típicos do autismo. Interrompê-los totalmente é difícil, mas o acompanhamento de um psicólogo pode contribuir para que os gestos diminuam e deixem de atrapalhar a criança.

Atribuindo tarefas

A realização de tarefas depende do nível de cognição e das potencialidades de cada criança. O psicólogo Yuri sugere que sejam propostas à criança tarefas como escovar os próprios dentes, pentear os cabelos ou colocar a mesa, por exemplo, elogiando o desempenho em cada atividade.

É interessante também que os pais estimulem as crianças, fazendo elogios ou criando sistemas de recompensas frente a um comportamento adequado, conhecido como reforço positivo. "Um modelo é a entrega de cartões: juntando dez, por exemplo, a criança ganha um presente ou agrado", explica o especialista.

Atividade física

A psiquiatra Letícia explica que a presença de limitações físicas em pessoas com autismo não é comum. "Isso só acontece quando existem outros problemas associados, como as convulsões".

Caso não haja esse tipo de restrição, qualquer tipo de atividade física está liberada e vale a pena consultar um fisioterapeuta para definir qual o melhor esporte para o seu filho.

Comunicação

Letícia Calmon explica que o mais importante é a criança se sentir apta para se comunicar, mesmo que não seja pela linguagem falada, mas por gestos, sinais e até mesmo pela troca de figuras (sistema chamado PECS) e isso deve ser usado tanto em casa quanto na escola. Para estimular a fala, o ideal é procurar o acompanhamento de um fonoaudiólogo.

Fonte: Minha Vida

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