Pesquisadores estudam relação entre a internet e o suicídio entre jovens

Redes sociais têm potencial para levar jovens a condutas extremas, mas também podem ajudar
19/09/2018 15:43 Saúde
Foto: Reprodução
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A internet, os aplicativos e as redes sociais fazem parte da vida diária de maioria da população, especialmente dos jovens e adolescentes. A segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos é o suicídioOs possíveis prejuízos à saúde mental dessa exposição, que ainda é considerada nova, têm motivado pesquisadores a procurar a existência de relação entre um fenômeno e outro.

A professora Jackeline Martini, coordenadora do núcleo de psicologia da universidade Unigran Capital, explica que o suicídio é um tema recorrente nas agendas de saúde mental da OMS (Organização Mundial da Saúde) e é tratado como um problema de saúde pública. “A cada 40 segundos uma pessoa se mata ao redor do mundo. São 800 mil mortes que seriam evitadas e a maioria das vítimas têm de 15 a 29 anos. Esses números ainda podem sofrer alterações com a falta de notificação”.

Em Mato Grosso do Sul foram registrados até o dia 10 deste mês, 108 mortes por suicídio, sendo sete delas por adolescentes. No ano passado, a morte da estudante Karina Saifer Oliveira, 15 anos, na cidade de Nova Andradina (a 297 quilômetros de Campo Grande), expôs esta relação: Karina era vítima de bullying na escola, por conta do cabelo crespo e era alvo de um boato sobre a divulgação de fotos íntimas.

A fofoca na cidade era de que um jovem, com quem ela havia se relacionado, teria divulgado fotos íntimas dela. Não se sabe ao certo se as imagens realmente existiam e se foram divulgadas. Mas, o estrago já estava feito.

Karina se matou por não aguentar a pressão sobre as fotos e a respeito da sua imagem e teve as fotos de seu suicídio espalhadas em grupos de WhatsApp.

Jackeline explica que o fenômeno do suicídio pode ser influenciado por vários fatores e que nem sempre há a associação de um transtorno específico (como a depressão) e o suicídio. As motivações são várias e podem levar pessoas mais suscetíveis ao ato. “Há pessoas que cometem suicídio em momentos de crise. Quando acontece algo que foge do controle e não tem aparato para lidar com isso, pode entrar em colapso. Por exemplo, fim de relacionamento, doenças crônicas, problemas financeiros e cotidianos”, diz.

Sobre as pesquisas que apontam que a internet e as redes favorecem o isolamento e, consequentemente, potencializa os casos de suicídio, a psicóloga esclarece que, embora possam atuar como influenciadores, também podem, por outro lado, auxiliar na prevenção.

“É importante não polarizarmos essa discussão, pois se a internet favorece o isolamento, também possibilita a aproximação de pessoas. Todo o efeito vai depender de como a pessoa utilizar esse instrumento”, analisa a psicóloga.

Entre os efeitos negativos da internet e das redes sociais, Jackeline cita a formação de grupos de risco em redes sociais com a possibilidade de “comportamento de contágio” em que são divulgadas formas de cometer o suicídio, o ciberbullying e o efeito que as imagens têm nas redes sociais – que podem potencializar o ato suicida.

A psicóloga também cita que é preciso quebrar o tabu e falar sobre o suicídio, mas de forma responsável e de maneira a conscientizar as pessoas. O Setembro Amarelo, mês inteiro dedicado à prevenção do suicídio é uma delas.

“A divulgação de informação de forma consciente. Não devemos glamourizar o ato suicida e nem tão pouco fornecer os detalhes de como aconteceu o ato. Precisamos sensibilizar de forma quebrar o tabu divulgar canais de ajuda”. finaliza.

As universidades de Campo Grande oferecem o serviço de clínica escola, onde os atendimentos são feitos por alunos com a supervisão de professores de psicologia. Os interessados devem entrar em contato por telefone para mais informações. A maioria tem valores de tabela social por consulta.

Unigran (Endereço: Rua Padre João Crippa, 2326 – Centro)

Telefone: 3389-3362

Uniderp (Endereço: Avenida Ricardo Brandão, 900 – esquina com a Rua Nova Era)

Telefone: 3348.8258.

UCDB (Endereço: Avenida Tamandaré, 6.000 – Jardim Seminário)

Telefone: 3312-3697 ou 3705.

UFMS (Endereço: Cidade Universitária de Campo Grande)

Telefone: 3345-7802

O Centro de Valorização da Vida atende as ligações, pelo número 188, de quem precisa conversar a qualquer horário do dia. Os chamados são atendidos por voluntários treinados e o atendimento também pode ser feito por meio de chat no site do CVV.

Ao digitar suicídio na busca do Facebook, uma caixa de ajuda é exibida com algumas pequenas dicas que podem ajudar quem pensa em suicídio ou quem tem algum conhecido precisando de ajuda.

Pelo site de relacionamento é possível entrar em contato com o CVV ou parar um momento para respirar em pensar melhor no que fazer;

Fonte: Wendy Tonhati / Midiamax

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