Reposição hormonal na pós-menopausa pode reduzir risco de glaucoma

04/02/2014 17:11 Saúde

Mulheres que fazem terapia de reposição hormonal só de estrogênio para aliviar os sintomas do climatério também podem estar reduzindo seu risco de uma forma comum do glaucoma.

É o que afirma uma pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade de Michigan, e publicada online em 30 de janeiro na revista JAMA Ophthalmology.

Os autores avaliaram informações sobre mais de 152.000 mulheres. Dessas, cerca de 60.000 tinham pelo menos uma prescrição para a terapia apenas com estrogênio. As outros tomaram uma combinação de estrógeno e progesterona ou estrogênio mais um andrógeno (hormônio masculino).

Durante os quatro anos de estudo, cerca de 2% das mulheres desenvolveram uma forma comum de glaucoma, conhecido como glaucoma primário de ângulo aberto. Glaucoma refere-se a um grupo de doenças oculares que causam danos ao nervo óptico e pode levar à cegueira.

Cada mês de uso de estrógeno reduziu o risco de glaucoma em 0,4%, e depois de quatro anos de uso contínuo, as chances eram reduzidas em 19%.

Embora os pesquisadores tenham entrado uma associação entre o uso de reposição hormonal e um risco reduzido para esta forma de glaucoma, não é possível provar uma relação de causa e efeito, sendo necessárias mais pesquisas. Além disso, nenhuma ligação foi encontrada para a reposição com outros hormônios.

Estrogênio pode funcionar por diminuir a pressão, ou protegendo certas células no olho, disseram os pesquisadores.

Um estudo anterior, conduzido por estudiosos da University of California (EUA), da Duke University School of Medicine (EUA) e da Third Affiliated Hospital of Nanchang University (China), mostra que a pílula anticoncepcional pode aumentar o risco de glaucoma, e uma explicação possível é que a pílula diminui as concentrações de estrogênio no organismo com o passar do tempo.

Entretanto a reposição hormonal de forma contínua pode aumentar uma série de riscos, afirmam, como doenças cardiovasculares, câncer de mama e AVC. Em vez disso, as descobertas podem levar as empresas farmacêuticas a olhares o estrogênio como um tratamento de glaucoma.

Segundo a equipe, os resultados podem incentivar empresas farmacêuticas a desenvolverem derivados de estrogênio tópico e estudá-los como uma terapia preventiva de glaucoma.

Tire suas dúvidas sobre reposição hormonal

Ondas de calor, alterações do sono e do humor, suores noturnos e diminuição do desejo sexual.

"Esses são só alguns dos sintomas que cerca de 70% das mulheres sentem ao chegar à menopausa", conta o ginecologista Marcelo Steiner, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP).

A reposição hormonal pode ser uma alternativa para ajudar a frear esses problemas.

Entre os diversos métodos de reposição, o mais comum é feito com os hormônios estrogênio e progesterona - os chamados bioidênticos.

"Eles são produzidos em laboratório, mas têm a mesma composição do hormônio natural feminino e, por isso, as mulheres costumam se adaptar melhor a eles", explica Marcelo.

Mas será que esse é um tratamento realmente necessário?

O resultado compensa os possíveis efeitos colaterais? Para acabar com os medos e a dúvidas em relação à menopausa e à reposição de hormônios, o Minha Vida conversou com um time de especialistas e preparou o quiz que você confere a seguir.

A reposição hormonal só pode ser iniciada após a parada total da menstruação?

A reposição hormonal pode, e deve, ser iniciada antes da parada total da menstruação. "Ela é indicada quando os sintomas - como as ondas de calor, o estresse forte e a diminuição do apetite sexual - começam a aparecer", conta o ginecologista Marcelo Steiner.

Ele lembra, porém, que o tratamento só deve ser iniciado após avaliação e orientação criteriosa de um médico.

O aspecto da pele melhora em quem faz reposição hormonal?

O geriatra Paulo Camiz explica que a pele na menopausa pode sofrer com a carência de estrogênio e a reposição hormonal ajuda a reverter o quadro.

"O tratamento preserva a o conteúdo de colágeno e a espessura da pele, garante mais hidratação e previne a formação de rugas", afirma.

O desejo sexual melhora em quem faz reposição hormonal?

A reposição hormonal melhora a lubrificação e o trofismo vaginal, diminuindo as dores e, portanto, aumentando o prazer. Mas o desejo sexual também depende de fatores pessoais.

"Para pessoas que sentem a diminuição da libido, o indicado é a terapia hormônios andrógenos, que ajudam a despertá-la", explica o ginecologista Marcelo Steiner.

Existem efeitos colaterais à reposição hormonal?

"Pode haver dor mamária, inchaço, oscilação de humor, dores de cabeça, sangramento vaginal, náuseas e até perda do cabelo, mas a incidência é baixa", explica Marcelo Steiner.

Nesses casos, o médico deve ser consultado para ajustar a dose e o tipo de hormônio reposto.

O risco de câncer de mama é maior em quem faz reposição?

O ginecologista Marcelo explica que a progesterona é usada para proteger contra o câncer de endométrio - já que o estrogênio faz essa camada se espessar - mas, por outro lado, pode, desencadear o tumores nas mamas.

Um estudo realizado pelo National Institute of Health (EUA) revelou que mulheres que recebiam a reposição hormonal combinada - com progesterona e estrogênio - tinham maiores chances de desenvolver câncer de mama. Apesar das limitações desse estudo, que usou uma dose muito alta de hormônios para análise, o resultado foi aceito pela comunidade médica.

Já o uso do estrogênio isoladamente - que é feito em mulheres que retiraram o útero - não apresenta esse risco.

Mulheres que suspenderam a menstruação não podem fazer reposição?

O ginecologista Hugo Maia Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Ginecologia Endócrina, de Salvador (Bahia), explica que não há problema nenhum em fazer a reposição hormonal mesmo se a menstruação tenha sido interrompida com o uso de medicamentos. "Essas mulheres podem fazer a reposição hormonal sem problema nenhum, não há qualquer contraindicação", enfatiza.

Qualquer mulher pode fazer reposição hormonal?

O ginecologista Hugo explica que, em alguns casos, está contraindicada a reposição hormonal, mas raramente esse impedimento é absoluto. "Cabe ao médico avaliar individualmente para decidir qual é a melhor terapia, mas quase sempre há uma alternativa", explica.

Alguns exemplos são os casos em que há risco de eventos tromboembólicos - como o AVC e o derrame - e alterações da coagulação, já que a terapia hormonal pode alterar esse fator.

Quem tem doença uterina e câncer de mama também deve estar atento aos efeitos dos hormônios. Qualquer outro sintoma que possa ser agravado com a reposição hormonal, como as dores de cabeça, também merece atenção.

Fonte: Minha Vida

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