Reposição hormonal na pós-menopausa pode reduzir risco de glaucoma
Mulheres que fazem terapia de reposição hormonal só de estrogênio para aliviar os sintomas do climatério também podem estar reduzindo seu risco de uma forma comum do glaucoma.
É o que afirma uma pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade de Michigan, e publicada online em 30 de janeiro na revista JAMA Ophthalmology.
Os autores avaliaram informações sobre mais de 152.000 mulheres. Dessas, cerca de 60.000 tinham pelo menos uma prescrição para a terapia apenas com estrogênio. As outros tomaram uma combinação de estrógeno e progesterona ou estrogênio mais um andrógeno (hormônio masculino).
Durante os quatro anos de estudo, cerca de 2% das mulheres desenvolveram uma forma comum de glaucoma, conhecido como glaucoma primário de ângulo aberto. Glaucoma refere-se a um grupo de doenças oculares que causam danos ao nervo óptico e pode levar à cegueira.
Cada mês de uso de estrógeno reduziu o risco de glaucoma em 0,4%, e depois de quatro anos de uso contínuo, as chances eram reduzidas em 19%.
Embora os pesquisadores tenham entrado uma associação entre o uso de reposição hormonal e um risco reduzido para esta forma de glaucoma, não é possível provar uma relação de causa e efeito, sendo necessárias mais pesquisas. Além disso, nenhuma ligação foi encontrada para a reposição com outros hormônios.
Estrogênio pode funcionar por diminuir a pressão, ou protegendo certas células no olho, disseram os pesquisadores.
Um estudo anterior, conduzido por estudiosos da University of California (EUA), da Duke University School of Medicine (EUA) e da Third Affiliated Hospital of Nanchang University (China), mostra que a pílula anticoncepcional pode aumentar o risco de glaucoma, e uma explicação possível é que a pílula diminui as concentrações de estrogênio no organismo com o passar do tempo.
Entretanto a reposição hormonal de forma contínua pode aumentar uma série de riscos, afirmam, como doenças cardiovasculares, câncer de mama e AVC. Em vez disso, as descobertas podem levar as empresas farmacêuticas a olhares o estrogênio como um tratamento de glaucoma.
Segundo a equipe, os resultados podem incentivar empresas farmacêuticas a desenvolverem derivados de estrogênio tópico e estudá-los como uma terapia preventiva de glaucoma.
Tire suas dúvidas sobre reposição hormonal
Ondas de calor, alterações do sono e do humor, suores noturnos e diminuição do desejo sexual.
"Esses são só alguns dos sintomas que cerca de 70% das mulheres sentem ao chegar à menopausa", conta o ginecologista Marcelo Steiner, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP).
A reposição hormonal pode ser uma alternativa para ajudar a frear esses problemas.
Entre os diversos métodos de reposição, o mais comum é feito com os hormônios estrogênio e progesterona - os chamados bioidênticos.
"Eles são produzidos em laboratório, mas têm a mesma composição do hormônio natural feminino e, por isso, as mulheres costumam se adaptar melhor a eles", explica Marcelo.
Mas será que esse é um tratamento realmente necessário?
O resultado compensa os possíveis efeitos colaterais? Para acabar com os medos e a dúvidas em relação à menopausa e à reposição de hormônios, o Minha Vida conversou com um time de especialistas e preparou o quiz que você confere a seguir.
A reposição hormonal só pode ser iniciada após a parada total da menstruação?
A reposição hormonal pode, e deve, ser iniciada antes da parada total da menstruação. "Ela é indicada quando os sintomas - como as ondas de calor, o estresse forte e a diminuição do apetite sexual - começam a aparecer", conta o ginecologista Marcelo Steiner.
Ele lembra, porém, que o tratamento só deve ser iniciado após avaliação e orientação criteriosa de um médico.
O aspecto da pele melhora em quem faz reposição hormonal?
O geriatra Paulo Camiz explica que a pele na menopausa pode sofrer com a carência de estrogênio e a reposição hormonal ajuda a reverter o quadro.
"O tratamento preserva a o conteúdo de colágeno e a espessura da pele, garante mais hidratação e previne a formação de rugas", afirma.
O desejo sexual melhora em quem faz reposição hormonal?
A reposição hormonal melhora a lubrificação e o trofismo vaginal, diminuindo as dores e, portanto, aumentando o prazer. Mas o desejo sexual também depende de fatores pessoais.
"Para pessoas que sentem a diminuição da libido, o indicado é a terapia hormônios andrógenos, que ajudam a despertá-la", explica o ginecologista Marcelo Steiner.
Existem efeitos colaterais à reposição hormonal?
"Pode haver dor mamária, inchaço, oscilação de humor, dores de cabeça, sangramento vaginal, náuseas e até perda do cabelo, mas a incidência é baixa", explica Marcelo Steiner.
Nesses casos, o médico deve ser consultado para ajustar a dose e o tipo de hormônio reposto.
O risco de câncer de mama é maior em quem faz reposição?
O ginecologista Marcelo explica que a progesterona é usada para proteger contra o câncer de endométrio - já que o estrogênio faz essa camada se espessar - mas, por outro lado, pode, desencadear o tumores nas mamas.
Um estudo realizado pelo National Institute of Health (EUA) revelou que mulheres que recebiam a reposição hormonal combinada - com progesterona e estrogênio - tinham maiores chances de desenvolver câncer de mama. Apesar das limitações desse estudo, que usou uma dose muito alta de hormônios para análise, o resultado foi aceito pela comunidade médica.
Já o uso do estrogênio isoladamente - que é feito em mulheres que retiraram o útero - não apresenta esse risco.
Mulheres que suspenderam a menstruação não podem fazer reposição?
O ginecologista Hugo Maia Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Ginecologia Endócrina, de Salvador (Bahia), explica que não há problema nenhum em fazer a reposição hormonal mesmo se a menstruação tenha sido interrompida com o uso de medicamentos. "Essas mulheres podem fazer a reposição hormonal sem problema nenhum, não há qualquer contraindicação", enfatiza.
Qualquer mulher pode fazer reposição hormonal?
O ginecologista Hugo explica que, em alguns casos, está contraindicada a reposição hormonal, mas raramente esse impedimento é absoluto. "Cabe ao médico avaliar individualmente para decidir qual é a melhor terapia, mas quase sempre há uma alternativa", explica.
Alguns exemplos são os casos em que há risco de eventos tromboembólicos - como o AVC e o derrame - e alterações da coagulação, já que a terapia hormonal pode alterar esse fator.
Quem tem doença uterina e câncer de mama também deve estar atento aos efeitos dos hormônios. Qualquer outro sintoma que possa ser agravado com a reposição hormonal, como as dores de cabeça, também merece atenção.
Fonte: Minha Vida
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