Em contato com o Dourados News  servidores do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Dourados denunciaram problemas estruturais envolvendo a rede de atendimento no município, gerado pela falta de ambulâncias disponíveis.

Conforme os servidores, em vários momentos apenas uma ambulância ficaria disponível para atendimento à demanda diária de ocorrências. O caso estaria acontecendo por conta da frota antiga de ambulâncias da cidade, que constantemente são encaminhadas para manutenção, desfalcando os plantões.

O ideal para atendimento indicado pelo Ministério da Saúde, segundo informado pela secretaria municipal de saúde, é que as equipes de plantão tenham três ambulâncias para circulação e revezamento, e uma na reserva, que é uma unidade para atendimentos de maior gravidade.

No entanto, Dourados estaria com apenas uma ambulância circulando há dias, porque as demais viaturas se encontrariam ‘arriadas’ em oficinas. As equipes de plantão, portanto, acabam submetidas a um sistema de revezamento em apenas uma unidade móvel, e a fila de ocorrências seria rotina, com os funcionários instruídos a informar a quem liga no 192 que o socorro pode demorar porque todas as unidades estão “em atendimento”.

A única ambulância rodando, aliás, conforme denunciado pelos servidores, seria uma das três unidades móveis recebidas pelo município em fevereiro deste ano, após uma emenda parlamentar que permitiu a liberação de recursos do Ministério da Saúde para a compra das viaturas.

A ambulância estaria circulando em condição de “reparo emergencial”, já que ela e as outras duas ainda não tiveram a documentação junto ao Detran regulamentada. Caso isso não acontecesse, por conta das demais unidades do Samu estarem “arriadas”, o município não teria como prestar atendimentos pelo 192, segundo ressaltado pelos servidores.

Secretário admite problemas, mas se defende

Procurado pelo Dourados News para prestar esclarecimentos, o secretário municipal de saúde, Sebastião Nogueira, reconheceu problemas estruturais no Samu no que diz respeito à frota da unidade, mas negou que apenas uma ambulância fique rodando dia pós dia para prestar atendimento á população.

“Colocamos uma ambulância das três novas que recebemos para rodar justamente para que não se instaurasse um problema maior. Não tem nada de diferente do que sempre teve todo tempo porque nossa frota de ambulâncias é muito antiga, e sempre acabamos um dia tendo duas, outro tendo três a disposição, e por aí vai. Não temos um número fixo de unidades rodando, mas nunca apenas uma. É uma questão problemática, mas que tentamos resolver como podemos”, justificou o secretário.

Nogueira apontou ainda que não há problema algum em colocar uma das três novas unidades móveis recebidas em janeiro para prestar atendimento sem estar com a documentação regularizada, até porque isso inviabilizaria grande parte dos atendimentos, já que “as ambulâncias da frota são muito velhas, têm pelo menos seis anos de uso, e vivem em conserto”.

“Eu colocaria as outras duas para rodar sem problemas. Quando estamos sem ambulância podemos colocar essas novas para rodar, afinal, elas vieram rodando de São Paulo, e não entendo que não possamos usá-las. O que interessa é realizar o atendimento de urgência, não se a viatura está com placas ou não. As outras duas novas unidades estão paradas porque não entendo que seja necessário também colocá-las na rua no momento”, finalizou o secretário.

Ainda de acordo com Nogueira, as ambulâncias novas estão em fase de regularização de documentação junto ao Detran, em um processo que ainda não teria um prazo para ser encerrado. As demais unidades móveis, que estão “arriadas” em oficinas, estariam em processo de autorização para conserto, também sem prazo, já que, como dito pelo secretário, “qualquer procedimento que envolva recurso público é naturalmente burocrático”.

Fonte: Dourados News