8 iniciativas que mostram que lugar de mulher é na tecnologia

09/03/2018 21:56 Tecnologia e Ciência
(Foto: Olhar Digital / Milena Rosa)
(Foto: Olhar Digital / Milena Rosa)

As mulheres estão ganhando cada vez mais espaço no setor de tecnologia. Uma pesquisa realizada no ano passado pelo LinkedIn mostra que, entre 2008 e 2016, o número de mulheres que ocupam cargos de liderança no setor de tecnologia aumentou 18%.

Houve também um aumento das mulheres em outras ocupações na área. A função de User Experience Designer, por exemplo, viu uma alta de 67% do sexo feminino, enquanto Web Developer cresceu 43%. Já Frontend Developer teve uma alta de 19% na taxa de mulheres empregadas.

Ainda assim, o setor ainda está desigual. Dados da ONU Mulheres Brasil, revelam que as mulheres estão fora dos principais postos de trabalho gerados pela revolução digital, sendo que somente 18% delas têm graduação em Ciências da Computação e são, atualmente, apenas 25% da força de trabalho da indústria digital.

“Setenta e quatro por cento das meninas expressam interesse no campo da ciência, tecnologia, matemática e engenharia. Mas o fato é que apenas 30% das pesquisadoras do mundo são mulheres”, afirma Adriana Carvalho, gerente dos Princípios de Empoderamento Econômico da ONU Mulheres Brasil.

A resposta contra isso veio das próprias mulheres, que criaram programas para incentivar as meninas e mulheres no mundo da tecnologia. Conheça oito destas iniciativas:

InfoPreta
A empresa presta serviços tecnológicos como manutenção de computadores, suporte técnico, backup e formatação, higienização, desenvolvimento de sites e aplicativos, consultoria sobre tecnologia e inovação, entre outras atividades. A diferença é que todo o trabalho é feito por mulheres, principalmente negras, e participantes de minorias.

A ideia veio quando a fundadora Buh D’ Angelo, que é formada em técnico de manutenção, robótica, eletrônica e automação industrial, percebeu que por ser mulher, negra e de classe social baixa não teria as mesmas chances de sucesso em empresas multinacionais.

Em 2015, ela começou a consertar laptops e fazer a manutenção de hardware e software, sendo que o anúncio do serviço era feito via redes sociais. Como o serviço começou a aumentar, ela se juntou com a Fernanda Monteiro, que possui mais de 20 anos de experiência no mercado tecnológico, mas sofreu preconceito após sua transição de gênero. Desde então, a empresa já apresentou projetos para Microsoft Brasil, Campus Party e recentemente foi classificada para representar o Brasil no G20 em Berlim.

Women Up Games
A pesquisa Game Brasil 2017, realizada todos os anos pela agência de tecnologia interativa Sioux, revelou que as mulheres são maioria quando se trata de videogame, sendo que 56,6% dos jogadores no país são do público feminino. Apesar disso, as mulheres ainda sofrem preconceito no setor.

Pensando nisso, a Ariane Parra criou o Women Up Games, uma organização que promove a inclusão de mulheres no mundo dos games através de palestras, eventos corporativos, campeonatos femininos e eventos de desenvolvimento de games.

PyLadies
O grupo é internacional e tem o objetivo de atrair mulheres para a área de TI através da linguagem de programação Python. A organização conta com 23 representantes em diversas cidades brasileiras que ministram cursos gratuitos de Python desde o básico até conteúdo mais avançado.

Segundo o equipe do PyLadies São Paulo, todas as mulheres que participam dos cursos são chamadas para serem monitoras, mesmo que ainda não sejam especialistas. "Elas já conhecem o conteúdo e podem sanar dúvidas mais básicas, além de terem a oportunidade de assistir a aula novamente. Em um próximo curso, aquelas que já foram monitoras são convidadas a ministrar a aula". 

 

A procura pelos cursos é tão grande que alguns acabam se esgotam em menos de 10 minutos. Segundo os dados do grupo PyLadies São Paulo, o recorde foram 40 vagas em 9 minutos. "Temos o caso de uma aluna que, em cinco meses a partir do primeiro curso básico, foi monitora, professora e conseguiu um emprego como desenvolvedora. Ela passou a ser uma referência para outras alunas. Se ela pode, todas podemos".

Minas Programam
Apesar das mulheres estarem cada vez mais presentes nas áreas de tecnologia, ciências, matemática e engenharia, esses ambientes ainda são muito masculinos. Em 2015, por exemplo, dos 330 ingressantes dos cursos de Computação da USP, apenas 38 eram mulheres.

Para mudar esse perfil do mercado de trabalho, Ariane Cor, Bárbara Paes e Fernanda Balbino se uniram para criar o Minas Programam. Um projeto que oferece cursos de programação para mulheres e que são ministrados para mulheres.

“Até a década de 80, era comum ter mulheres programando, mas quando a tecnologia passou a ser um foco central da economia, ela acabou se transformando em um ambiente masculino”, afirma Bárbara, que ainda explica que as mulheres não são incentivadas a se interessarem pela área.

O grupo defende a tecnologia é usado em todos os setores da vida e que, por isso, esse deve ser um ambiente plural para garantir soluções democráticas. “Se as mulheres tivessem participado da criação das redes sociais, ferramentas de combate ao assédio sexual virtual já teriam sido criadas”, exemplifica Bárbara.

PrograMaria
Muitas das iniciativas de programação para mulheres surgiram porque as próprias mulheres sentiam dificuldades de ingressar na área. Foi assim que surgiu o PrograMaria, que realiza oficinas, eventos e cursos de formação técnica para mulheres que desejam iniciar no mundo da programação.

Desde sua criação, o projeto já realizou mais de dez oficinas e três edições do Curso Eu Programo, que formou 90 mulheres, e um Summit, que reuniu mais de 130 mulheres para debater o lugar das mulheres na tecnologia.

"As alunas, depois que passam pelo curso, elas não só se sentem motivadas a entrar na área, como elas percebem todo o potencial que elas têm como mulher e profissional", afirma Iana Chan, fundadora do programa. "O maior impacto que um curso como nosso traz para para mulheres é o fato de elas verem na pele a máxima de que lugar de mulher é onde ela quiser". 

No ano passado, o Olhar Digital entrevistou as fundadoras do PrograMaria para a série “Mulheres na Tecnologia”. 

Mulheres na Computação
O blog foi criado por Camila Achutti assim que ela entrou no curso de Ciências da Computação da USP e percebeu que era a única mulher na sala de aula. Ela então decidiu criar o blog para compartilhar informações relacionadas à tecnologia e empreendedorismo feminino, além de oportunidades de vagas e cursos na área.

WoMakersCode
O projeto foi criado no interior do Rio Grande do Sul, com o objetivo de incentivar as mulheres que querem seguir carreiras na área de tecnologia através de eventos, oficinas, debates e cursos de programação ministrados por voluntárias que atuam na área de TI. Hoje, o projeto conta com grupos em São Paulo, Americana, Rio de Janeiro e Aracaju, além de já ter capacitado mais de 3 mil mulheres.

"Eu sempre participei de comunidades de tecnologia e sentia muita falta de ver e ter outras mulheres para conversar em eventos, cursos e grupos, até que me deparei com uma situação de machismo no trabalho e me vi sozinha. Neste momento, fui em busca de grupos que fossem direcionados para apoiar mulheres, não só tecnicamente, mas também construir um bom networking e então decidi criar o WoMakersCode", afirma a fundadora Cynthia Zanoni.

O grupo também trabalha para educar empresas para melhor promover, reter e contratar mulheres e conscientizar sobre a importância da igualdade de gênero e diversidade. "Ao invés de só indicarmos pessoas ou anunciar vagas, nós conversamos para entender qual é o cenário da empresa, sua cultura, para identificar pontos para construção de um código de conduta, processo seletivo mais inclusivo e às vezes iniciativas internas para reforçar a importância do respeito, ética e igualdade", explica.

Reprograma
O projeto oferece um curso intensivo e gratuito, estilo bootcamp com duração de 18 semanas em período integral, para ensinar programação front-end, incluindo linguagem HTML, CCS e Javascript, além de bibliotecas e pré-processadores como JQuery, Bootstrap e React, a mulheres que não estejam empregadas. As alunas também têm aula de UX Design e de Business Model Canvas.

"Além do ensino de programação, nosso objetivo durante o programa é mudar o mindset das alunas", explica Mariel Reyes, CEO do projeto. "'Reprogramar' a forma com que elas se percebem como contribuidoras do espaço de TI". 

O Reprograma já formou 88 mulheres front-end developers e também realiza eventos e palestras para promover a igualdade de gênero. "Nosso objetivo este ano, agora que o curso tem duração de 18 semanas e um conteúdo mais robusto, é firmar mais parcerias com empresas que estejam comprometidas em oferecer oportunidades profissionais para nossas alunas", afirma.

Fonte: Juliana Américo / Olhar Digital

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