Vaticano se recusa a dar respostas à ONU sobre abusos sexuais
O Vaticano, apesar de toda a promessa de reformas e transparência por parte do papa Francisco, se recusa a responder às cobranças da ONU em relação aos abusos sexuais de religiosos contra crianças nos últimos anos. Em 2013, pela primeira vez, um comitê das Nações Unidas exigiu que o Vaticano prestasse informações sobre o que tem feito para remediar crimes como abusos sexuais.
A Santa Sé será avaliada em uma reunião em Genebra em janeiro. Mas, nesta semana, o Vaticano entregou à ONU as respostas às perguntas que haviam sido feitas.
No que se refere aos casos de abusos, o Vaticano optou por ignorar o pedido e dar uma explicação legalista de que os casos “são separados da Igreja Católica”.
“Não é a prática da Santa Sé revelar informações sobre medidas de disciplina religiosa contra seus membros do clero ou religiosos, de acordo com as lei canônicas”, indicou o informe do Vaticano entregue à ONU. A Santa Sé explicou que as medidas de punição apenas são reveladas quando se trata de um processo judicial que ocorre em cooperação com outros governos. Mesmo assim, os dados apenas seriam fornecidos se solicitados pelo governo implicado se o pedido fosse feito “pelos procedimentos específicos”.
Em sua pergunta, o Comitê da ONU para a Defesa dos Direitos das Crianças deixou claro que estava realizando a cobrança depois que o Vaticano “reconheceu a violência sexual contra crianças cometidas por membros do clero, irmãos e irmãs em vários países do mundo”.
A rejeição do Vaticano em dar uma resposta já começou a ter uma repercussão internacional, antes mesmo da sabatina que a Santa Sé passará em Genebra em janeiro.
Keith Porteous Wood, represent ante da Sociedade Secular Nacional do Reino Unido, classificou a atitude da Santa Sé de “inaceitável” e “uma vergonha por estar minando os esforços da ONU”. Seu grupo foi um dos que prestou à ONU informações sobre abusos contra crianças por parte de religiosos.
“Sob o controle direto do papa, a Igreja opera um comando firme sobre dioceses em todo o mundo, em especial sobre a forma pela qual casos de violência sexual são tratados”, indicou. Segundo ele, Roma exige que todos os informes sobre tais ofensas sejam remitidas para o Vaticano, onde seriam guardadas.
Ao assumir o comando da Igreja, no início do ano, Francisco garantiu que o vaticano precisava “agir de forma decisiva em relação aos casos de abusos sexuais”. Ele ainda prometeu medidas para proteger menores e modificou as leis internas da Santa Sé para facilitar processos contra criminosos
Fonte: Estadão
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