Casal acusado de matar zelador quer vender apartamento onde teve crime

09/10/2014 10:22 Justiça
Eduardo e Ieda Martins em foto dentro do apartamento do casal; foi no imóvel que o publicitário afirmou ter brigado com o zelador Jezi de Souza, que m
Eduardo e Ieda Martins em foto dentro do apartamento do casal; foi no imóvel que o publicitário afirmou ter brigado com o zelador Jezi de Souza, que m

O apartamento 111, no 11º andar de um prédio de tijolos a vista, na Rua Zanzibar, Zona Norte de São Paulo, está à venda. Por R$ 280 mil - R$ 100 mil a menos do preço de mercado -, o comprador terá dois quartos, com dois banheiros, sala, cozinha e área de serviço. O imóvel de 56 metros quadrados, com vista para a Marginal Tietê, também dá direito a uma vaga para carro na garagem. O condomínio custa R$ 420 mensais.

O G1 visitou o local e o fotografou. Mas, apesar de a oferta parecer tentadora, o anúncio acima ainda não foi publicado em jornais ou na internet. A equipe de reportagem apurou que a informação sobre a venda corre no boca a boca. Um dos motivos é o fato de que foi neste mesmo apartamento que o zelador Jezi Lopes Souza, de 63 anos, acabou morto em 30 de maio.

O casal, dono do imóvel, está preso acusado do crime. Agora, o publicitário Eduardo Tadeu Pinto Martins, de 47, e sua mulher, a advogada Ieda Cristina Cardoso da Silva Martins, 42, querem vender o apartamento. Os dois moravam nele com o filho de 10 anos.

À polícia Eduardo confessou participação na morte de Jezi, mas alegou que ela foi acidental e ocorreu após uma briga entre eles. O publicitário aproveitou para inocentar a esposa, que também negou envolvimento no assassinato. Ieda havia dito que não sabia que o corpo do zelador estava dentro da mala que ela ajudou a descer até a garagem.

O marido e a advogada aparecem em imagens gravadas por câmeras de segurança descendo o elevador com bagagens até o automóvel do casal. Eduardo confessou ter esquartejado o cadáver de Jezi em 17 partes em Praia Grande, litoral paulista. O publicitário foi preso em flagrante quando queimava as partes numa churrasqueira.

A cobertura da imprensa, descrevendo como o crime ocorreu, ainda assusta os interessados em comprar algum imóvel no condomínio residencial Oklahoma. Por isso, alguns apartamentos acabaram desvalorizando no mercado. É o caso do próprio apartamento 111, onde morava o casal Martins.

“Se estão pedindo R$ 280 mil pelo imóvel, então o preço está bem abaixo do que ele vale”, disse ao G1 o corretor de imóveis Nelson Martins, que apesar do sobrenome não é parente de Eduardo e Ieda. “O preço ideal de um imóvel no prédio está entre R$ 350 mil até R$ 380 mil”.

Ele foi consultado pela equipe de reportagem para dar sua opinião a respeito da desvalorização do apartamento por causa do assassinato do zelador. “Eu não moraria num apartamento assim, se soubesse que morreu alguém no imóvel”, respondeu Nelson ao ser questionado se compraria o imóvel do casal.

O corretor alegou que as pessoas não gostam de morar em locais onde ocorreu um crime e ele não é diferente. Nelson disse ter tido dificuldades para negociar outros apartamentos no mesmo edifício do crime.

“Depois do crime ninguém mais me procurou para comprar apartamento no prédio”, disse Nelson, que tenta vender alguns imóveis no edifício. “E quando a pessoa liga e pergunta se o apartamento fica no prédio de tijolinho e eu respondo que sim, ela desiste até de querer olhar o imóvel.”

Desistências
Quantas pessoas já desistiram? “Pelo menos dez pessoas desistiram. Falam: ‘lá eu não quero, é o prédio onde mataram o zelador’”, disse Nelson, que conhecia Jezi. “Era uma pessoa tranquila e solícita. Nem dormi quando soube que ele foi morto”.

Procurado pelo G1 para comentar o assunto, o advogado Marcello Primo, que defende Ieda, confirmou que sua cliente tem intenção de vender o imóvel. “Até porque se ela sair da prisão, não pretende mais ir morar lá”, disse seu defensor.

Indagado, o advogado Rubens de Castro, que atua na defesa de Eduardo, disse desconhecer a intenção do publicitário de pôr o apartamento à venda. “Não ouvi isso ainda”, afirmou.

 

Fonte: Kleber Tomaz/G1

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