Cerveró encerra depoimento à PF e diz que repassou imóveis aos filhos como 'antecipação de herança'

15/01/2015 14:43 Justiça

Cerveró foi preso pela Polícia Federal ontem no Rio de Janeiro Jonathan Campos/14.01.2015/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo

O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró encerrou seu depoimento de quase três horas na sede da PF (Polícia Federal), em Curitiba (PR), no início da tarde desta quinta-feira (15). Investigado pela operação Lava Jato, o executivo explicou que a transferência de imóveis aos seus filhos - motivo da prisão - foi uma "antecipação da herança", segundo o advogado de defesa Beno Brandão.

Cerveró repassou três imóveis aos filhos que, segundo ele, foram comprados com o salário de cerca de R$ 100 mil que ganhou como diretor da Petrobras, entre 2003 e 2008, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Agora, o ex-diretor recebe uma aposentadoria de cerca de R$ 10 mil da Petrobras. O ex-diretor foi categórico ao dizer que o dinheiro não veio de propina.

O ex-diretor também tentou repassar R$ 500 mil a uma das filhas, transação que não se concretizou. Segundo ele, em depoimento à PF, a filha estava doente e precisava do dinheiro para emergências. Cerveró não mencionou a doença da filha.

O ex-executivo repetiu no depoimento o que seu advogado havia dito ontem. Para Cerveró, a presidente da Petrobras, Graça Foster, também deveria ser presa já que o motivo da detenção foi a transferência dos imóveis. A informação está na última página do depoimento de Cerveró, à qual a reportagem do R7 teve rápido acesso.

De acordo com o advogado de defesa, Cerveró não tratou sobre o caso da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O delegado vai marcar outro depoimento na semana que vem para tratar exclusivamente do assunto.

Em relação à denúncia do MPF (Ministério Público Federal) sobre os navios-sonda, Cerveró falou que houve dispensa de licitação, na época, porque as embarcações foram contratadas em regime de urgência. O ex-diretor explicou que são poucas as empresas no mundo que prestam esse serviço. Ele negou qualquer recebimento de propina no caso

O MPF denunciou que, em 2006, o então diretor Nestor Cerveró e o lobista e operador financeiro Fernando Soares acertaram com o executivo da Toyo Setal Julio Camargo o pagamento de vantagens indevidas, no valor aproximado de US$ 15 milhões (R$ 40,2 milhões).

O objetivo era viabilizar a contratação, pela Petrobras, do Navio-Sonda Petrobras 100000 com o estaleiro Samsung Heavy Industries no valor de US$ 586 milhões (R$ 1,5 milhão). O navio seria utilizado para perfuração de águas profundas na África.

Após as negociações - e confirmada a promessa de pagamento da propina -, Cerveró adotou as providências necessárias, no âmbito da diretoria internacional, para que a contratação do navio-sonda fosse efetivada.

A partir de então, Fernando Soares passou a receber a propina combinada e, em seguida, a repassar uma parte dos valores para Cerveró.

Cerveró está preso desde ontem na carceragem da PF em Curitiba. Ele foi detido por agentes federais na madrugada de quarta-feira (14) ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Ele passava férias na Europa.

 

Fonte: R7

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