Comissão da Verdade analisou violações de direitos indígenas
Seguindo com as atividades da Sessão de Audiência sobre Violação de Direitos Indígenas, que aconteceu hoje, o dia todo, no auditório da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), antropólogos, professores e diversos membros de comunidades indígenas acompanharam e deram depoimentos referentes ao processo de demarcação da aldeia Panambizinho – Lagoa Rica, ocorrido em 1971.
O evento, que é uma realização da Comissão Nacional da Verdade (CNV) com o apoio do Ministério Público Federal e da UFGD, busca oferecer uma oportunidade para que os próprios indígenas relatem situações de violência às quais foram submetidos no período entre 1946 e 1988.
Em sua maioria, os depoimentos começaram relatando a vida dos indígenas antes das interferências em suas terras, seguiram com as condições de expulsão de suas comunidades e terminaram com a vontade de reaver aquele território que um dia lhes pertenceu. As lideranças indígenas e os membros das comunidades, que lotaram o auditório, se mostraram bastante otimistas com relação a esse trabalho da Comissão Nacional da Verdade.
Valdomiro Osvaldo Aquino, liderança da Panambizinho e membro do Conselho Aty Guasu, agradeceu a representante da CNV, Maria Rita Kehl, e muito brevemente chamou a atenção de todos os presentes para os métodos que hoje são utilizadas contra os povos indígenas. “Antigamente nós éramos atacados apenas com armas, balas. Hoje o que se usam contra nós são palavras, papeis, documentos. É um sistema político que está nos prejudicando”, afirmou Valdomiro.
Mediadora do estudo do caso Panambizinho – Lagoa Rica, a professora Katya Vietta lembrou a todos que não são apenas os indígenas que estão sendo prejudicados, ano após ano, com os processos de demarcações. “Nós temos que nos perguntar e investigar, principalmente, o porquê de o estado estar sendo omisso na garantia desses direitos”.
Ao final da tarde foi realizada a última sessão, do caso Laguna Johá, ocorrido em 1988. Apesar de o foco ser coletar denúncias de agressões que ocorreram entre 1946 e 1988, depoimentos atuais também foram considerados.
Pela manhã, na cerimônia de abertura, Maria Rita Kehl sugeriu a redação de carta de recomendação ao governo federal, para evitar que as injustiças cometidas contra os Guarani-Kaiowá permaneçam prejudicando as populações geração após geração, sem que nada se faça a respeito.
Fonte: UFGD
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