Pai acusado de estuprar e engravidar filha criança tem condenação mantida em 23 anos de prisão

Acusado alegou que não há provas de que ele abusava da menina. Justiça de MS diz que ele ameaçou informantes para que não contassem a verdade sobre o crime.
07/02/2020 09:32 Justiça

Um pai acusado de estuprar engravidar a própria filha, em Mato Grosso do Sul, teve a condenação mantida em 23 anos, 4 meses e 20 de prisão. Ele havia recorrido da sentença em primeiro grau, alegando falta de provas, mas o Tribunal de Justiça entendeu que ele é culpado e ameaçou informantes para que não contassem a verdade, e manteve a decisão.

De acordo com o Tribunal de Justiça, a menina tinha 11 anos quando foi abusada, entre os anos de 2016 e 2017. Neste período foram cerca de 10 estupros, sendo o primeiro quando ela voltava da escola. Ela foi atacada e levada para um matagal.

A gravidez e os abusos foram confirmados por exame de corpo de delito. A criança nasceu com hidrocefalia e morreu.

Para a desembargadora relatora da apelação, Elizabete Anache, os diversos depoimentos apontam divergências que dão a entender que a vítima pode ter sido influenciada a negar a culpa do pai.

“Não há como se descurar que, de acordo com a doutrina especializada, esse assunto – abuso sexual intrafamiliar – é costumeiramente tratado como segredo de família e, exatamente por isso, justificada a significativa modificação das declarações da vítima prestadas na polícia e em juízo”, disse a magistrada.

No entendimento da desembargadora, há provas suficientes dos estupros e de que o homem ameaçava os informantes para que alterassem a versão, com o objetivo de se ver livre das acusações.

“Essa cultura do silêncio é muito comum e esperada para situações desta natureza, sobretudo quando a vítima eventualmente passa a interiorizar a responsabilidade pela dissolução do seu núcleo familiar – o que é nitidamente sentido ao longo da instrução processual”, lembrou a relatora.

Fonte: G1 MS

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